Bebeto de Freitas: ‘Não larguei o Botafogo. Não sou santo, mas nunca roubei’

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Por FogãoNET

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Assim como no vôlei, sua saída do Botafogo fo traumática. Ao mesmo tempo que é reconhecido por ter tirado o clube do buraco, teve contas reprovadas no último balanço.

Bebeto de Freitas: Fui verificar, dizia respeito a um contrato de 600 mil com um o administrador do clube que trabalhou anos no clube e criou uma nova pessoa jurídica porque havia se separado da mulher. Não posso controlar tudo, fui pego de surpresa. É fácil verificar quem rouba o Botafogo. Sou favorável que se abra o clube para um devassa. Meu sigilo fiscal está aberto desde que todos os ex-presidentes abram os seus, a começar do momento em que o Montenegro entrou e o Botafogo se arrebentou financeiramente. Peguei o clube com todas as receitas antecipadas. Os documentos da gestão anterior (do ex-presidente Mauro Nei Palmeiro) tinham sido roubados. Durante a auditoria e a renegociação da dívidas com a Receita Federal e a Justiça do Trabalho, descobrimos que a dívida, que eles diziam ser de R$ 30 milhões, já estava em R$ 220 milhões. Só em 2005 pudemos começar a publicar os balanços dos anos anteriores. Tiive que acrescentar 100 milhões no passivo em função do que encontramos e agora dizem que essa dívida fui eu que fiz. Entreguei o Botafogo com certidão negativa em 2008. Por conta do fechamento do Maracanã e da demanda pelo Engenhão, o clube nunca teve tanto dinheiro para honrar seis compromissos.

Não considera estranho ter assumido um cargo executivo no Atlético-MG ainda na vigência do mandato?

É mais uma dessas mentiras que se tornam verdades. Fui avisado pelo Conselho Deliberativo do Botafogo que a posse do novo presidente estava marcada para dia dois de janeiro, mas as data acabou sendo remarcada para o dia cinco, quando eu estava começando no Atlético. Não larguei o Botafogo nem larguei nada que eu fiz na vida. O Botafogo é algo muito sério na minha vida, por parte de pai, de mãe, de Heleno de Freitas e de João Saldanha. Tenho meus defeitos, não sou santo, mas nunca roubei. Não foi fácil esse período. Minha família brigou comigo por não ter rebatido tudo que se falou contra mim e agora briga para que eu não dê essa entrevista

A instabilidade da cobertura do Engenhão, que motivou a interdição do estádio, era preocupação quando sua gestão ganhou a concessão do estádio?

Era, antes de a gente entrar na concorrência. A gente soube que cobertura deu uma mexida quando foi instalada, mas logo depois veio um parecer que estava segura. Não seria irresponsável de expôr o Botafogo e as pessoas a um risco desse. Se piorou depois, não sei. Se o fechamento do estádio foi para viabilizar o Maracanã, tampouco me interesse. Só sei que o Botafogo não pode reclamar de que foi excluído do ato do TRT (que obrigava o clube a destinar 20% de suas receitas aos credores em troca do parcelamento das dívidas e a suspensão das penhoras) por causa do fechamento do Engenhão. Apesar de anunciada gestão moderna, o Botafogo optou por não pagar imposto. Hoje, qualquer receita do Engenhão seria tomada pelos credores. Saiu recentemente uma matéria da Marluce Martins, no Extra, mostrando que o Botafogo sonegou 95 milhões do ato trabalhista. Imagino que essas receitas que só podem ter sido aplicadas no futebol. Agora, mais importante do que a Libertadores, é torcer para mais um absurdo que seria a ajuda do governo na questão das dívidas dos clubes.

Você foi cobrado por ter trazido seu filho para jogar vôlei de praia pelo clube…

Nunca aconteceu isso até porque ninguém joga o circuito por clubes. Foi a Supergasbras que o patrocinou e ele me pediu que treinasse sua dupla, o que fiz de graça. Nunca dei força, foi por conta própria que ele virou treinador. Hoje, ele dirige a primeira dupla do do ranking feminino. Antes de deixar a CBV, o Ary repetiu a maldade que tinha feito com o vôlei de quadra. Como quer criar uma liga mundial de praia, montou uma comissão técnica em Saquarema para tirar as duplas do seu treinamento local. A estrutura não custa pouco, em torno de R$ 300 mil mensais e poderia beneficiar muita mais gente se aplicada na base. Quando as duplas jogam fora do Brasil, os técnicos têm que pagar sua passagem. Há três semanas, eles entregaram documento discordando. Nunca vou aceitar que aqueles que lutaram pelo vôlei, sejam prejudicados, a começar pela geração de prata, que foi a mais sacrificada. Sobre ela, o ex-presidente da CBV costuma dizer que a história só fala dos vencedores. Tem toda razão.

CORREÇÃO: Ao contrário do que foi publicado, Bebeto de Freitas disse que o Botafogo obteve a certidão negativa de débitos em 2008, durante a sua gestão, e não em 2010 como constava da primeira versão da matéria, que já sofre a devida correção.

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