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Matemático: ‘Bota precisa de 40 pontos para ser campeão’

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Por FogãoNET

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No lugar do obstáculo que já causara sucessivos tropeços, no meio do caminho, havia uma estrela. Ao terminar o primeiro turno em segundo lugar, com 36 pontos, o Botafogo atingiu sua maior pontuação a essa altura do campeonato, desde 2006, e ainda celebrou marcas que vão além da matemática. Com o elenco e a autoestima renovadas, o alvinegro tem sido capaz de mudar para ser sempre o mesmo time. Qualquer que seja sua escalação e seu adversário, o Botafogo evolui veloz, compacto e ofensivo para superar o estigma da irregularidade que marcou campanhas anteriores.

— Já aconteceu de tudo com o Botafogo, e o time vem se mantendo. Merece crédito — diz o matemático Tristão Garcia, que atribuiu 16% de chances de título ao Botafogo contra 56% do Cruzeiro. — O campeão é um só. Somados, os adversários do líder têm 44%.

Nas contas de Tristão, quem não quer depender da irregularidade alheia para chegar ao título precisa ter na tabela de pontos o dobro do número de jogos para chegar ao fim da 38ª rodada com 76. Nenhum vice-campeão passou dessa marca nas sete edições em que o Brasileiro foi disputado por 20 clubes. Com 40 pontos em 19 jogos, o Cruzeiro pode até perder na abertura do returno, amanhã, contra o Goiás, no Serra Dourada, que ainda estará dentro da regra. Já o Botafogo, com 36 em 19 jogos, precisa vencer os dois próximos jogos, contra Corinthians e Santos, para chegar ao aproveitamento de campeão.

A frieza dos números de Tristão não resiste à paixão que o futebol exerce. Além das tendências apontadas pelo desempenho, o matemático incluiu o caráter da instituição em suas ponderações. Por mais difícil que seja essa mensuração, a ponto de muitos dirigentes negligenciarem a identidade de seus clubes, Tristão põe tudo na balança, que pende a favor do Cruzeiro. Salvo um súbito descarrilamento, o caminho está aberto para o trem azul repetir, na abertura da segunda década dos pontos corridos, a conquista de 2003.

— É um grande clube, com ótimas condições de trabalho, e o torcedor mineiro não chateia tanto. Seu técnico, Marcelo Oliveira, encontrou ali um ambiente ideal. Muitos outros se acharam lá, como Vanderlei, Felipão e Adílson Batista — afirma, ao justificar seus métodos que humanizam as ciências exatas. — Há duas maneiras de se ver futebol. Uma que se encanta com as análises individuais, reforçada por quem precisa de ídolos, e outra que vê o jogo coletivo e procura a entender a competição e a história de cada clube. Há 12 clubes no Brasil, os quatro grandes de Rio e São Paulo, e os dois de Minas e Rio Grande do Sul, que têm personalidade própria. É complexo.

Três cariocas contra os baianos

Por causa do passado recente, em que o Botafogo chegou a sonhar com o título e acabou fora do G-4, em 2007 e 2011, Tristão ficou entusiasmado com a reafirmação do caráter glorioso nesta edição.

— O time deu uma caída nas últimas rodadas, e pensei que aquele velho Botafogo estava de volta. Mas já se recuperou. O torneio por pontos corridos é igual uma maratona. Não adianta correr bem só os últimos ou os primeiros 10km. O título se decide no primeiro turno, que já descarta aqueles que não vão brigar.

Com 77% de chances de chegar à Libertadores, desde que o Brasileiro ofereça quatro vagas, o que ainda depende do desempenho dos clubes nacionais na Sul-Americana, o Botafogo precisa chegar a 67 pontos para assegurar o terceiro lugar. Dentre os demais cariocas, que não têm muito a almejar, além se manter na Série A, apenas o Vasco estará a salvo se repetir os 24 pontos do primeiro turno. Flamengo e Fluminense somaram 22. O time com melhor pontuação entre os quatro da zona do rebaixamento é a Portuguesa, com 19, seguido pelo São Paulo, 18.

— A permanência é garantida com 47 pontos, até menos. Cabe aos cariocas ultrapassar os baianos e deixar o problema para o São Paulo, que só precisa voltar a ser ele mesmo para sair — diz Tristão.

No lugar do drama da parte de baixo, os alvinegros olham para cima. De cabeça erguida, não enxergam o pessimismo de outrora nem as pedras no meio do caminho. Passada a metade da viagem, eis que o fim se aproxima. Antes da comprovação matemática, a intuição e a estrela servem de guia. Sem conquistar um título nacional desde 1995, os alvinegros já se cansaram de fazer conta.

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