O Botafogo começou o segundo tempo da partida contra o Flamengo, nesta quarta-feira, atrás no placar. Para mudar essa situação, se esperava que o time jogasse mais para frente, com mais jogadores no setor ofensivo. Mas o Alvinegro alterou a cara do jogo e dominou a etapa final depois de ser pressionado quase todo o primeiro tempo por causa de um jogador que passou a atuar mais recuado. E não era qualquer jogador. Seedorf disputou os últimos 45 minutos jogando mais atrás, às vezes entre os zagueiros. Com isso, o craque holandês escapou da marcação que sofria, ganhou espaço para pensar o jogo e chegar com liberdade para finalizar de fora da área.
No segundo tempo, Seedorf recuou e chegou a atuar entre os zagueiros do Botafogo, como uma espécie de volante. Na imagem acima, entre Dankler e Dória, ele orienta Gabriel na saída de jogo. (Foto: Reprodução)
– Ele cresceu muito no segundo tempo. No primeiro, teve dificuldade, ficou muito sozinho no meio. No segundo, teve participação destacada e começou a centralizar as jogadas iniciando tudo. Ele foi importante no segundo tempo para o time conseguir o empate e quase a vitória – disse o técnico Oswaldo de Oliveira, sobre o camisa 10.
Rafael Marques aparece
Com Seedorf mais recuado atraindo a marcação dos volantes do Flamengo, a entrada da área rubro-negra passou a ter mais espaço. Com isso, outro jogador que começou a se destacar foi o atacante Rafael Marques. Jogando mais enfiado entre os zagueiros e fazendo até um papel de pivô, recebendo a bola de costas, Rafael finalizou três vezes e participou do gol de empate alvinegro marcado por Edílson.
Todo setor ofensivo do Botafogo melhorou, e o time que tinha finalizado apenas três vezes no primeiro tempo, conseguiu dobrar esse número no segundo, terminando a partida com nove finalizações.
Marcação encaixa no 2º tempo
Os números também mostram a melhora alvinegra no setor defensivo na etapa final. Com a marcação mais encaixada, os três homens mais defensivos – Dankler, Dória e Marcelo Mattos – se destacaram nos desarmes. O estreante do time terminou a partida com o maior número de desarmes: 10. Seus companheiros fizeram nove cada um. Isso também ajudou o Botafogo a aumentar a posse de bola. No primeiro tempo, o Alvinegro teve 53% e o Fla 47%. No segundo, 59% contra 41% do rival. Oswaldo de Oliveira elogiou bastante o estreante Dankler.
– Gostei. Ele começou um pouco nervoso, depois se estabilizou, tomou conta, ganhou todas no alto. Para a estreia, nas condições em que aconteceu, foi muito positivo. Me dá confiança para poder contar com ele quando não tiver o Bolívar – analisou Oswaldo.
- números
Dankler
Nos primeiros 45 minutos fez apenas três desarmes. Depois do intervalo, foram sete. Ele foi o melhor entre todos os atletas que estiveram em campo.
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Hernane
O atacante ajudou bastante na marcação, em especial no primeiro tempo. O Brocador roubou três bolas e foi o maior ladrão ao lado de Júlio Cesar.
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Mal da cabeça
As duas equipes levantaram 26 bolas, mas apenas duas acharam a cabeça de alguém. As duas do Botafogo, que fez 15. O Fla levantou 11 bolas.
No primeiro tempo dominado pelo Flamengo, três pontos puderam ser destacados: a marcação coletiva, o aproveitamento dos buracos no lado direito da defesa do Botafogo e a boa movimentação dos meias – Luiz Antônio, Paulinho e Carlos Eduardo – e do atacante Hernane por todo setor ofensivo.
Marcação coletiva
A entrega dos jogadores do Flamengo no primeiro tempo na hora de marcar e tirar os espaços dos atletas alvinegros era clara. O time encurtava os espaços iniciando a marcação na intermediária adversária em um primeiro momento, e depois no próprio campo. Com menos opções disponíveis para receber os passes, quem tinha que armar o jogo no Botafogo eram os zagueiros Dória e Dankler. Isso facilitava a retomada da posse de bola e o contra-ataque rubro-negro. Para se ter uma ideia da entrega, o maior ladrão de bolas do Fla e da partida foi o atacante Hernane, com três roubos.
Força pela esquerda
No setor ofensivo, o Fla aproveitou os espaços deixados pela defesa do Botafogo no lado direito. Forçando o jogo excessivamente com Hyuri e Edílson, os jogadores do lado esquerdo rubro-negro ficavam no um contra um ou em algumas vezes até em superioridade numérica. Foi assim que saiu o gol de André Santos. Após um abafa e a bola recuperada, João Paulo e Carlos Eduardo tinham a marcação de apenas um botafoguense. O camisa 20 lançou o lateral, que cruzou para Paulinho rebater e André Santos mandar para as redes. Foi por aquele setor também que o Flamengo criou outras seis oportunidades de gol.
Movimentação do meio-campo e ataque
Um dos lances de perigo criados pelo Flamengo no lado esquerdo foi uma cabeçada de Luiz Antônio após cruzamento de João Paulo. O jovem volante fez o papel de Elias, que não atuou porque estava suspenso. Ele deu velocidade, criou jogadas e até chegou na área para finalizar.
– A gente já vem trabalhando. O Elias joga muito por esse lado e como eu jogo na posição deleeu aproveitei os espaçoes que tem. O professor (Jayme de Almeida) pediu para eu avançar, mas cuidando da marcação. Eu aproveitei o espaço que tinha, eles vem dando um pouco de espaço – disse o jovem na saída para o intervalo do jogo.
Os espaços do Flamengo foram criados principalmente pela grande movimentação dos meias e do atacante Hernane. Além de Luiz Antônio chegando ao ataque, e o Brocador voltando para ajudar na marcação, Carlos Eduardo caía mais pela esquerda, mas às vezes aparecia na direita. Já Paulinho flutuava por todos os lados do ataque. Essa movimentação ficou rara no segundo tempo, depois das saídas de Carlos Eduardo, André Santos e Paulinho para as entradas de Rafinha, Cáceres e Gabriel, respectivamente. Rafinha se limitou a atuar pela ponta direita, enquanto Gabriel pouco saiu do lado esquerdo.

Nas duas figuras de cima é possível ver os jogadores de meio-campo e Hernane em posições variadas. Nas duas imagens de baixo, Rafinha e Gabriel estão sempre dos mesmos lados. (Foto: Editoria de Arte)
Análises rápidas:
* Marcelo Mattos foi o jogador do Botafogo que mais teve a bola em seus pés. Ele deu 54 passes, dez mais do que Seedorf. O volante errou nove desses passes, maior número entre todos em campo.
* João Paulo foi bem na ajuda ao setor defensivo, apesar do gol alvinegro ter saído pelo seu lado. Com a insistência do Botafogo em jogadas pelo lado direito de seu ataque com Hyuri e Edílson, o lateral-esquerdo rubro-negro fez sete desarmes, liderando o time ao lado de Wallace.
* Carlos Eduardo atuou bem como um ponta esquerda. Ele foi o jogador que atuou mais pelas laterais com três jogadas e seis bolas cruzadas para área. Em um dessas jogadas, ele tocou para João Paulo cruzar para o gol do Flamengo.