Keisuke Honda deu marcha-a-ré. Exerceu seu direito, previsto em contrato, de deixar o Botafogo antes do final do contrato. Tem proposta da Europa e está aborrecido com o amadorismo dos dirigentes do Botafogo, principalmente pela demissão de Ramón Diaz, que nem estreou.
Há outro exemplo de amadorismo: a contratação de Honda, de 34 anos e presença em duas Copas do Mundo, em 2010 e 2014.
Ele chegou sem custos. Ou com poucos custos. A venda de camisas garante o investimento, diziam os dirigentes.
E esse é um motivo correto para se contratar um jogador? Não, né?
A questão primordial para equipes como o Botafogo, com seriíssimos problemas financeiros, é simples: “que tipo de time devemos montar para fazer um campeonato tranquilo, pensando na Sul-Americana?”
Quando Honda chegou, conversei com Paulo Autuori. Ele disse que o japonês seria um armador vindo de trás, com Bruno Nazário mais à frente e Babi no ataque, com Luiz Fernando e Luis Henrique.
Esse jogo lento seria o apropriado para o Botafogo? Ou o melhor seria um time aguerrido, bem fechado e apostando em contra-ataques?
Sem dúvida, eu apostaria na segunda opção, mesmo com a perda de Luis Henrique e Luiz Fernando. Um time difícil de ser batido, um time indigesto para os rivais.
Com Honda, nada disso veio.
O Botafogo talvez esperasse que Honda fosse um novo Seedorf. Há uma diferença técnica enorme entre eles, tática e tecnicamente. E de liderança.
A lembrança mais nítida de Honda será a do jogo contra o Ceará. Fez o primeiro, de pênalti. Então, com 2 x 1 a favor, houve novo pênalti a favor do Botafogo. Victor Luis errou e o Ceará empatou.
Honda pediu para Victor Luis bater?
Victor Luis pediu para bater?
Não se sabe.
O certo é que Honda não exerceu o papel de líder para o qual foi contratado.
Deixa o Botafogo com três gols em 27 jogos e a leve impressão de que já vai tarde.