Após surgir no Botafogo e chegar ao Corinthians, Gabriel, de apenas 24 anos, busca um recomeço em sua breve carreira. O inegável talento não foi suficiente para que o lateral-esquerdo se mantivesse em grandes equipes do Brasil. Mais maduro e sem clube, ele diagnostica o motivo de sua queda: deslumbramento. Ele nega problemas com a noite, mas admite que não ligava para o conselho dado por atletas mais experientes. Naquele momento, em alta e tratado como jóia, pensava estar certo em tudo. Não mais.
Atualmente sem clube, Gabriel utiliza as dependências do Madureira para manter-se em forma. O time do subúrbio carioca deverá ser seu próximo destino, mas apenas para o início da próxima temporada, quando disputará o estadual do Rio. Se a maioria dos atletas não suporta dar entrevistas, o jovem lateral-esquerdo admite ao UOL Esporte a felicidade por voltar a falar com um jornalista. “Estou muito feliz porque tinha tempo que não fazia uma entrevista”.
Gabriel surgiu no Botafogo em 2009 e era tratado com carinho pela diretoria alvinegra. Porém, o lateral esquerdo não teve muitas oportunidades com o técnico Estevão Soares, o que mudou com a chegada de Joel Santana, em 2010. Ele ganhou uma sequência de 12 jogos entre os titulares e marcou três gols. Porém, o treinador desistiu do atleta e disse que não contaria com seu futebol.
E foi aí que começou a peregrinação de Gabriel. Ainda sob contrato com o Botafogo, foi emprestado por dois anos para o Duque de Caxias e outro para o Ceará. Quando seu vínculo com o Alvinegro acabou, outro grande time apostou em seu futebol: o Corinthians, em 2011. No clube paulista não teve sequer a oportunidade de entrar em campo e foi liberado em 2012, quando passou por Barueri e Guarani. Segundo ele, o fato de não ter se firmado tem explicação.
“Sim, isso ocorreu. Deslumbrei realmente. Era muito novo e fiz coisas que com a cabeça que tenho hoje nunca teria feito. Fui profissional, mas não com tanta experiência. Hoje estou mais maduro, rodei alguns clubes e adquiri experiências. Fui aprendendo com as porradas da vida”, disse ao UOL Esporte.
Em 2009, Gabriel teve como companheiro Jobson, que tinha alguns problemas extra-campo e com excessos em noitadas. O lateral-esquerdo nega, no entanto, que a noite carioca tenha sido mais um dos problemas enfrentados. Além disso, ele diz que não são apenas os atletas jovens que sofrem, já que jogadores experientes também são frequentadores.
“Nunca tive problemas com a noite como alguns dizem. Nunca foi o meu caso. Quando falo de deslumbramento, me refiro ao fato de não querer buscar uma melhora profissional, de não ligar muito para as coisas que os mais velhos falavam pra mim. Poderia ter sido mais profissional , usufruir das coisas que os clubes me proporcionavam e que naquele momento não quis. Achei que não precisava”, afirmou.
“Os encantos da noite não existem apenas para os jovens, mas para qualquer atleta profissional. Mas não combina ter vida noturna com uma pessoa que quer alcançar seus objetivos e ter bom exemplo em um grande clube”, completou.
Tudo isso, ele garante, faz parte do passado. Passado este que ele se arrepende. Gabriel se mostra amadurecido e busca um recomeço em sua carreira. Se o presente aponta para um reinício no Madureira, o lateral esquerdo não esconde seu sonho.
“Sou Botafogo, cresci lá dentro e tenho sonhos e metas. Estou focado no meu trabalho e tenho fé que vou vestir a camisa do clube outra vez. Vou conseguir dar a volta por cima. Hoje tenho outra cabeça. Tenho minha família, meu filho. Sou um cara diferente, mudado graças a Deus”, encerrou.