É choro na hora do hino, choro na comemoração de gol, choro antes da disputa de pênaltis contra o Chile… Se o bom futebol é coisa rara para o Brasil na Copa do Mundo, não faltam lágrimas dos jogadores antes, durante e depois das partidas. O limite entre a emoção e o desequilíbrio emocional é algo que preocupa um país ansioso pela conquista do hexacampeonato mundial.
Se a reação de Julio Cesar antes da disputa de pênaltis contra o Chile é entendida pelo drama sofrido há quatro anos, a imagem do capitão Thiago Silva isolado dos companheiros foi condenada pelo psicólogo João Ricardo Cozac, vice-presidente da Sociedade Brasileira da Psicologia do Esporte .
— A imagem do capitão (Thiago Silva) sentado na bola e isolado é ruim em termos de liderança e referência e mostra uma escolha errada. Quando mais foi preciso, ele se isolou e chorou. Isso não é positivo e produtivo. Vejo uma fragilidade emocional imensa, que começa pelo comportamento do treinador à beira do campo — atestou João Ricardo.
Também com longa passagem pelo futebol, Paulo Ribeiro, ex-psicólogo do Flamengo, vê a necessidade de algum trabalho interno para que as emoções sejam controladas. Para ele, a tendência é a situação se agravar com a sequência dos jogos.
— Vejo uma emoção exacerbada, que pode ser perigosa nas próximas fases. Jogar uma Copa em casa é diferente, mas é preciso que as reações sejam mais comedidas. Se contra o Chile foi o que se viu, imagina em uma final, onde vencer é de fato uma obrigação?
Tricampeão do mundo em 1970, Jairzinho, o Furacão, também está preocupado. Mesmo reconhecendo que não faz ideia do que significa disputar uma Copa em casa, o ex-atacante acredita que o excesso de lágrimas expõe algo que vai muito além da emoção por representar a nação.
— Chorar uma vez faz parte, mas não pode ser toda hora. Isso é desequilíbrio emocional. Disputar uma Copa em casa torna a responsabilidade maior, mas o fato é que o Brasil não joga bem, não repete o que foi na Copa das Confederações. E os jogadores estão sentindo esse pedo.