O Botafogo surpreendeu no segundo semestre de 2018 ao contratar Marcos Paquetá como treinador. Com carreira no exterior, o profissional não teve bom desempenho, com quatro derrotas e uma vitória em cinco jogos e acabou rapidamente demitido. Sem mágoas, ele lembrou a passagem em entrevista ao canal “Papo com Léo Careca”.
Paquetá, hoje com 62 anos e treinador Muharraq Club, do Bahrein, acredita que uma série de fatos determinou o insucesso no Botafogo.
– Na realidade eu tinha contrato, ia disputar a Superliga da Índia, um campeonato muito interessante e que o público enche o estádio. Deixei o contrato. Tinha um problema particular no Brasil, não poderia assumir lá. Recebi com surpresa o convite do Botafogo. Cheguei no Botafogo no momento errado, na hora errada e com as pessoas erradas. Isso tudo influenciou bastante. Momento errado porque a equipe tinha sido campeã carioca, o treinador era o (Alberto) Valentim que saiu para o Egito, o clube atravessava situação financeira difícil, querendo vender jogadores, salários atrasados, prêmios atrasados, fizemos uma mini pré-temporada com muitos jogadores, uns 30 ou 40. Vim com ambição grande de fazer trabalho forte, jogar para frente e ser vencedor. Encontrei time mais tímido, que jogava mais fechado, em um 4-3-3 mais engessado, tentei agregar alguma coisa. Acho que essa minha proposta não foi tão bem aceita. Quando isso acontece, os atletas não se doam muito. Mas tive uma experiência muito legal, foi bom – afirmou Paquetá.
– Outra coisa foi o momento. Foram jogos difíceis contra Flamengo, Corinthians e Internacional lá, no meio vencemos a Chapecoense. Contra o Corinthians começamos o jogo e tomamos dois gols com sete minutos, mas tivemos reação, conversamos no vestiário, poderíamos ter empatado e virado. No jogo seguinte já houve uma baixa, levamos dois gols contra o Flamengo – lembrou.
O treinador, no entanto, não acredita que houve boicote ou que os jogadores o “derrubaram do cargo”.
– Não dá para falar que foi em função da falta de concentração ou de problemas dos atletas, pode ser um monte de coisa. Os caras não estavam satisfeitos? Não sei. Dudu Cearense, que foi meu jogador na Seleção Brasileira sub-20, deu uma declaração dizendo que atletas boicotaram. Não posso acusar ninguém, são todos profissionais. Se fizeram issom foi contra eles mesmos e contra o clube. Pode ser que não tenham se adaptado à forma de trabalho ou que queriam ficar no mesmo nível de contentamento. Tinham também promessas de pagamentos que não eram cumpridas, o que desgasta o atleta. Foram várias situações, mas não deu para mostrar nada – declarou Paquetá, que também admitiu sua parcela de responsabilidade.
– Algumas coisas foram culpas minhas, tentei adaptar o que tinha lá, sem tentar introduzir o que eu queria. Eu tinha que respeitar o que já existia ali. Quis dar upgrade, infelizmente não deu certo. Vida que segue, sem mágoas. Sempre desejei sorte. Foi boa a convivência. Faltou tempo e paciência, faz parte. Como criei minha carreira fora do Brasil, isso também cria descontentamento com torcedores e atletas – finalizou.