Sempre consciente e antenado com o mundo e a sociedade, o técnico Paulo Autuori, do Botafogo, se manifestou sobre a possibilidade de retorno do futebol, em meio à pandemia do novo coronavírus. O treinador alvinegro, em live no canal “7Braga TV” no YouTube, ao lado de Abel Braga, explicou que a prioridade no momento não pode ser o esporte.
– A princípio, o grande problema nosso é pensar nas vidas. Falar e projetar o futebol pós-pandemia passa por entender quando vamos, de forma global, ultrapassar por esse momento tão difícil. É um grande desafio. Estou meio cético. Pós-pandemia algumas pessoas vão voltar com o mesmo comportamento e atitudes que têm caracterizado a passagem deles, me refiro ao futebol brasileiro e a dirigentes. Os clubes não vão ficar alheios a isso, já há dificuldades financeiras, vão ter mais problemas – afirmou Paulo Autuori.
O treinador elogiou as federações de futebol da Argentina e do México, que suspenderam o rebaixamento e o acesso, respectivamente, pelos próximos dois anos e seis anos
– Os clubes vão ter que se reorganizar e ver como vai ser a vida, com dificuldade financeira. No meio disso, ainda ter que ter resultado é muito complicado. Vi duas ações espetaculares. As federações argentinas e mexicanas, como o mundo já está prejudicado com todos ao mesmo tempo, definiram que não vai ter acesso e descenso por algum período, para os clubes se reequilibrarem – destacou.
Paulo Autuori não concorda com o prolongamento da temporada de 2020 até o próximo ano.
– Não existe futebol sem vida. Qualquer equipe que vá ser campeã em 2020, as derrotas vão ser maiores, devido às vidas. Estamos indo por um caminho ruim de querer prolongar os campeonatos até 2021. Ora, se já teve um ano ruim, vai ter mais um? Minha preocupação é justamente é essa. Acham que voltar a treinar é só juntar os jogadores, esquecem dos profissionais ao redor. Nós temos o privilégio de ir de carro, mas muitos em outros clubes, atletas ou profissionais do futebol usam transporte público. E se pegar e passar para alguém? Temos que adaptar à nossa realidade, mas seguindo boas práticas e bons exemplos – completou.