Dois jogadores do Botafogo assinaram o manifesto contra o calendário divulgado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para 2014. O capitão Jefferson e o zagueiro Bolívar, principal responsável pelo fim da concentração no clube, que iniciou no começo deste ano com a sequência de atrasos no pagamento dos salários.
O técnico Oswaldo de Oliveira se mostrou solidário e disse que o momento é de os jogadores realmente se unirem, pois são os maiores prejudicados. Sua preocupação vai além, chegando inclusive ao nível dos jogos disputados.
– Quem sente na pele é que deve se manifestar. O jogador sofre muito com isso e todos nós sofremos. Além disso, é inegável que cai o nível da competição, a qualidade do espetáculo é prejudicada com o acúmulo dos jogos. A inserção da Copa do Mundo em 2014, como aconteceu neste ano com a Copa das Confederações, espreme o calendário. Essa rodada do Brasileiro foi a que menos se fez gol. O jogador começa a perder a precisão e a coordenação fina, quem tem melhores elencos, sofre menos – disse Oswaldo.
Carioca de Realengo, o treinador deixou claro não ser contra a realização dos campeonatos estaduais. No entanto, entende que é preciso repensar o calendário, pois hoje a competição mais importante do país é o Campeonato Brasileiro.
– Sou apaixonado pelo Campeonato Carioca. Estou vivendo esse ano um dos mais felizes porque o Botafogo foi campeão carioca. Minha origem é nesse campeonato. Vi meu primeiro jogo no Maracanã em 1957. Mas há coisas que não se pode admitir hoje. Naquela época não tinha o Campeonato Brasileiro. O estadual era o grande acontecimento junto com o Rio-São Paulo. Agora, são 38 rodadas, sem pré-temporada, pois 15 dias é uma brincadeira e principalmente no verão. Como esse ano e o próximo são atípicos, o campeonato também deveria ser. Para se adaptar a essa emergência que diminuísse o Carioca. Ou então vamos ter um ano pior do que esse, com mais rodadas com menos gols – comentou Oswaldo.
Um dos idealizadores da Federação Nacional de Treinadores, que está sendo estabelecida no Brasil, Oswaldo disse que já passou da hora de os jogadores se unirem da mesma forma. Ele acredita que todas as classes do esporte devem fazer o mesmo.
– O futebol é uma das coisas mais importantes desse país. Está havendo um movimento dos treinadores, montando uma federação. Os setores devem se unir e se defender. Não adianta ficar esperando, pois as coisas não acontecem. Nós temos que levantar nossa voz e mostrar a necessidade com clareza e inteligência de forma organizada, fazendo prevalecer nosso direito como profissional – afirmou Oswaldo.