O Botafogo venceu o clássico deste domingo contra o Flamengo porque foi mais preciso nas finalizações e soube controlar o ímpeto do adversário no fim do segundo tempo. Muito desse sucesso é mérito do sistema defensivo, começando com os volantes, com destaque para os desarmes de Marcelo Mattos. Houve espaço também para o jogo bonito, e Renato companheiro de Mattos, deu belo exemplar com o lençol aplicado em Hernane no primeiro tempo. Com isso, no entanto, não quer dizer que não tenha havido sustos. Bolívar bobeou na frente de Wallace e por pouco não criou uma situação de perigo para o adversário. O Alvinegro tentou surpreender com as armas que tem, embora uma jogada ensaiada já tradicional da equipe não tenha dado certo contra o Flamengo. Infelizmente, Seedorf não conseguiu segurar foi a saliva que escapou da sua boca ao dar entrevista após a partida. O cuspe acidental no repórter foi seguida por um pedido de desculpas ainda no ar, na maior elegância, como é marca registrada do holandês.
A saia justa
Seedorf é bom na condução do time do Botafogo, com sua liderança e categoria, mas também no manejo das palavras. No seu “português gringo”, já é conhecido por longas e detalhadas entrevistas após os jogos, ainda no gramado. Após a vitória sobre o Flamengo, neste domingo, o holandês falava sobre a possibilidade de ainda perseguir a liderança da competição, ocupada pelo Cruzeiro, com dez pontos a mais, quando acidentalmente acabou cuspindo no repórter que o entrevistava. Sem perder a classe que também exibe nos gramados, pediu rapidamente desculpas no meio do discurso e seguiu dando suas declarações. A propósito, Seedorf acha que o Alvinegro não deve pensar em tentar tomar a ponta da Raposa e, por enquanto, se preocupar apenas em somar o maior número de pontos possível.
A bobeada
Bolívar vem formando, ao lado de Dória, uma das melhores duplas de zaga do Campeonato Brasileiro. O Botafogo tem a sexta melhor defesa da competição, com 31 gols sofridos em 28 partidas. Contra o Flamengo, a dupla fez 28 desarmes e roubou três bolas. No entanto, no primeiro tempo, o zagueiro alvinegro passou por maus bocados. Carlos Eduardo puxou a saída em velocidade e lançou Wallace. Bolívar estava na marcação, e ao tentar o corte, matou mal a bola no peito e ela correu para longe de seu alcance. O zagueiro rubro-negro recuperou a bola e tocou para Hernane já na entrada da área, mas para sorte de Bolívar o passe foi um pouco longo demais, o que permitiu que Renan saísse do gol para o combate ao centroavante rubro-negro, evitando assim um perigo maior.
O ladrão de bolas
Marcelo Mattos interceptou passe, deu bote certo, obteve sucesso em dividida e soube se antecipar. O volante conseguiu o maior número de roubadas de bola do clássico contra o Flamengo: foram cinco das 14 do time (o adversário teve 13). Ele ocupa a quarta colocação nesse quesito no Campeonato Brasileiro, com 62 (média de 2,38 por partida). Está atrás do colorado Willians (96), do atleticano Josué (66) e do cruzeirense Egídio (65). Mattos foi também quem mais errou passes na partida (sete), ao lado de Seedorf. Conseguiu ainda quatro desarmes (ou seja, tirou a bola do adversário, mas não ficou com ela), cometeu duas faltas e sofreu uma.
O lençol
Quando foi contratado, Renato tinha a missão de ser uma referência no time do Botafogo. O volante, conhecido por sua força na marcação, mas também pela qualidade na saída de bola, seria o elo perfeito para dar fluência ao jogo do Alvinegro. Com o tempo, no entanto, o jogador foi perdendo espaço entre os titulares, com as vagas sendo atualmente ocupadas por Gabriel e Marcelo Mattos. Mas como o primeiro está lesionado e se recupera de uma lesão na coxa, a oportunidade apareceu para Renato voltar. E contra o Flamengo, além dos quatro desarmes que conseguiu, também brindou o torcedor com uma jogada de categoria. O belo lençol em Hernane, no meio-campo, foi aplicado com extrema naturalidade, para delírio dos alvinegros.
O repeteco (ou quase)
Seedorf encerrou um jejum de 13 partidas sem fazer gol na partida contra o Náutico, na quarta-feira passada. Edílson, em vez de mandar a bola para a área, cobrou escanteio certeiro na direção do holandês, que, da entrada da área, dominou a bola e chutou. A jogada se repetiu nesse domingo, mas sem sucesso. O lateral até conseguiu mandar a cobrança novamente nos pés de Seedorf, que, no entanto, dessa vez tentou a conclusão sem dominar a bola. O chute saiu ruim, sem precisão ou força. Foi a única finalização na partida do meia, que deu a assistência para o gol de Gegê.