Ídolo do Botafogo, Loco Abreu teve como um de seus principais técnicos no clube Joel Santana. A dupla foi campeã carioca em 2010 no Glorioso. No canal do treinador, no “YouTube”, eles se reencontraram e recordaram divertidas histórias.
Leia abaixo:
– Não tinha autorização (risos), mas também não falei nada antes. Ninguém sabia nada. Aconteceu aquele pênalti, com tudo que tínhamos falado, perder três finais seguidas para o Flamengo, os pênaltis eram traumáticos para o Botafogo, falei que tinha que bater diferente. O cara (Bruno, goleiro) estava esperando eu bater do meu jeito, abrir o pé, se jogou para a direita. Quando fiz a cavadinha, não reparei que estava tão longe, subiu tanto, dei um pulinho, pipoquei um pouco, imagina errar aquele pênalti? – contou Loco Abreu.
– Quase me matou do coração – brincou Joel.
Prancheta decisiva em Grêmio Prudente 0 x 1 Botafogo
– A gente tinha que ganhar, primeiro ele tira Herrera e coloca Lucio Flavio (na verdade, Edno). Faltando 20 minutos, me tira e coloca o (Renato) Cajá. Porra, tira dois atacantes e põe dois meias? Falei que se atrapalhou todo na prancheta. Ele falou “eu escalo e você joga, depois nos falamos”. Fiquei olhando, não deu outra, faltando cinco minutos, Cajá cruza e gol (de Maicosuel). Ele só me olhou. Eu sentado falei “Pqp, não acredito, deu certo”. Falei para o gringo (Herrera) “E agora, vou ter que aturar, pedir desculpas e saber que o cara sabe mesmo” – declarou Loco Abreu.
Sem Carnaval em 2010
– Estávamos nos preparando para decidir o campeonato (foi antes da semifinal da Taça Guanabara, que o Botafogo venceu o Flamengo por 2 a 1). Como era época de Carnaval, não adianta, todo mundo quer ir. Falei não vão me pegar não. Falei com os rezadores temos que concentrar. Reuni o grupo: “Pessoal o negócio é o seguinte, é uma decisão difícil, querem brincar Carnaval ou deixar nome na história do clube?” Ficou todo mundo calar. “Porque vamos concentrar”. O Abreu falou “Porra, mas já tinha comprado ingresso, alugado não sei o quê, ia tirar muitas fotos” – revelou Joel.
– Toda vida olhando na TV o carnaval do Rio, pensei que era a oportunidade de curtir. Preparei tudo. Aí ele falou três dias de concentração. Não dá não. Pensei em tocar no coração, vou falar com ele, dois dias, três era muito. Ele falou “Vai lá no quarto e curte o carnaval pela TV com Herrera”. Nem vi na TV, coloquei filme. O pior é você ter fome e a carne estar atrás do vidro. Demorou, mas depois em 2017 consegui sair na Imperatriz – disse Loco.
Melhor gol da carreira
– O golaço da carreira foi um em que estava puto para caralho, me lembra ele (Joel). Fomos jogar no Pacaembu contra o Santos, aí sai a escalação, eu era reserva. Falei “Não acredito, campo bonitinho”, não sabia por quê, jogador nunca entende. “Me tirar nesse jogo?” Aos 87 minutos, ele me chama para entrar, imagina minha cara. Não sei nem o que falei. Teve cruzamento do Caio, Edno cabeceia, pego a bola, viro, faço uma cobertura no goleiro e chuto. Golaço. Mas minha comemoração não foi de um golaço, estava puto, fiquei quietinho, xingando para dentro. Sempre saí ganhando. Estava puto, mas fiz o que tinha que fazer. Saí do jogo, corri rápido para o vestiário, nem queria cumprimentar ninguém. Mas foi o melhor gol que fiz – recordou Loco Abreu.
Saída por causa de Oswaldo de Oliveira
– A pior decisão que tomei foi sair do Botafogo, emprestado, por causa da rivalidade com o treinador que me sacaneou. Eu tinha que ficar. Não vou ter mais (chance de jogar no Botafogo). Achava que sairia e voltaria. Para não perder a imagem que tinha, aqui (com Joel Santana) brigava por futebol, mas era de boa, lá era em outro sentido. A forma dele não ia com a minha. Tinha que ficar e deixar acontecer o que tinha que acontecer. Perdi a oportunidade de continuar construindo a história dentro do clube – resumiu o uruguaio.