Homenageado na Calçada da Fama do Maracanã, na qual eternizou seus pés nesta segunda-feira (12/9), Loco Abreu não esconde de ninguém o desejo de voltar ao Botafogo. Hoje treinador, o ex-jogador é ídolo do clube pela passagem marcante entre 2010 e 2012.
Em pergunta do jornalista Carlos Eduardo Sangenetto, do FogãoNET, Loco Abreu falou sua vontade de retornar.
– Sei que é agora SAF, mas o Botafogo para mim é a Estrela Solitária. Desde que saí, imaginei voltar. Hoje tem outra forma de administração, mas continua sendo o Botafogo, as mesmas pessoas no dia a dia, só mudou a cabeça do grupo. Sempre me preparo, agora nessa fase de treinador, para um dia ter essa honra, esse privilégio de ser abençoado de poder estar no clube. Independentemente de estar de coração, mas poder trabalhar no clube e desfrutar de tudo que a gente viveu e vai viver um dia – declarou o uruguaio.
– Sempre imagino, tem que imaginar. A lei da atração tem que ser fundamental, tem a positiva e a negativa. Faço a visualização positiva, com preparação, competente, não por nome ou história como jogador, mas por que você tem condição como treinador de chegar a esse lugar. Ninguém tem que forçar a barra, sozinha a oportunidade chega, tenho que estar preparado para quando o telefone tocar dizer “estou pronto e vou com vocês” – prosseguiu.
🎙️ O ídolo alvinegro deu entrevista coletiva no Maracanã. Leia abaixo as demais declarações.
Pés na Calçada da Fama
– A verdade é que tem poucas palavras, só honra, gratidão, felicidade e muita emoção. Você nunca sabe o que pode acontecer, se prepara para ajudar, ganhar, mas nunca sabe o que se passa no pensamento das pessoas. Depois de um tempo, você vai embora, acredita que as pessoas vão lembrar da fase boa, mas quando chegou o convite até achava que era uma brincadeira ou piada, que não era real. Depois veio chamado do clube, vou falar que não? É bom saber que vai passar o tempo e vamos ficar eternizados.
Nova era do Botafogo
– O Botafogo hoje está em uma fase muito mais importante. Não é só a avaliação esportiva, tem a transformação profissional, que precisa de paciência. O torcedor tem que entender que um time não se faz de um dia para o outro. Hoje as condições são muito boas para trabalhar, o CT, o trabalho sendo bem feito, a garotada vai ter estrutura. Acho que daqui a um, dois ou três anos vai estar melhor. Hoje o principal é acabar com aquela sensação de sobe e desce, ter tranquilidade, organização e planejamento. Trabalhar com seriedade.
Escolha pela Cavadinha
– Vai muito da personalidade de cada um. É importante também fazer aquele trabalho psicológico, não só pensar em como você pode bater, mas em como o goleiro pode estar pensando. Maracanã lotado, final, “ele vai segurar”. Aí tive que fazer o contrário, o ilógico, cavar. Em outras oportunidades batia de outro jeito, porque sabia que não era para bater de cavadinha. Palco principal, jogo fantástico, tinha que ter um jeito diferente para podermos ganhar. Graças a Deus nas duas vezes (na final do Campeonato Carioca e na Copa do Mundo) os goleiros fizeram o que eu pensei, se jogaram para o lado direito, a bola entrou. Foi felicidade para todos.
Cavadinha na Copa
– Com a (bola) Jabulani, todo mundo reclamava que não conseguia bater do jeito que queria. Pensei em bater meio pipocando, para a bola não subir. No treinamento bati por cima. No jogo bati de maneira levinha para não errar, entendendo que se o goleiro se jogasse não ia ter forma de pegar.
Imaginou se tornar ídolo?
– Não dá para pensar tanto, para ter essa lucidez para fazer história. Sabia que naquela final com o Flamengo lembrava aquela moça no aeroporto, que quando cheguei no Rio ela falou “chega de perder para esses caras, não aguento mais”. Falei “o Loco está chegando, se prepara”. Quando chegamos na final, sabia o que tinha acontecido nas três finais, que tínhamos perdido nos pênaltis, que estavam a um jogo de igualar a gente como tetracampeão carioca. Quando aconteceu o pênalti, pensei tem que ser assim. Tem que ser de cavadinha. Graças a Deus entrou. Tudo que aconteceu depois fiquei surpreso, só queria dar a possibilidade da conquista.
Jogaria no futebol atual?
– Eu não jogo mais. Não adianta querer falar “eu jogaria”. Todo mundo gostaria de voltar a jogar, mas hoje o futebol também tem dificuldades, dinâmica, precisa ter preparação física, os treinadores e jogadores têm que falar com sindicato deles para diminuir a quantidade de jogos, é muito jogo, atrapalha a estratégia, a tática, a condição física, machuca, manda embora treinador. Tem muita coisa para entender porque um time não consegue se entrosar. Centroavante está ficando uma posição difícil porque tem poucos atacantes, mas centroavante matador tem pouco. Os poucos são caros. Quem tem mais poder econômico pode contratar, até três, os demais têm que correr atrás de possibilidades que têm.
Uruguaio eternizado no Maracanã
– Para mim é uma honra muito grande estar ao lado de quem ganhou título do mundo. No Uruguai me perguntavam para que eu viria para cá. Para conquistar um momento especial no Maracanã, no palco mundial. Consegui fazer gol do título (da Taça Guanabara) contra o Vasco, na semifinal contra o Fluminense e na final contra o Flamengo. Tudo isso ajudou a poder ficar aqui. Para nós, uruguaios, o Maracanã sozinho já é especial. Imagina podendo curtir com o Botafogo e agora com essa honra de ficar eternizado. O Maracanã tem história impressionante, posso voltar daqui a alguns anos e olhar para baixo e ver meu nome.
Seleção uruguaia na Copa do Mundo
– Tomara que ninguém se machuque. O time está bem, entrosado, tem a mistura de jogadores jovens com experientes que estão na Europa, o treinador deu um jeito para time ter mais pegada e intensidade. Não adianta querer fazer palpite agora, tem que esperar uma semana antes para ver os times, para entrar com força total.