Luís Castro abre o jogo sobre pressão e cultura no Brasil: ‘Sou cada vez mais um treinador dependente dos resultados e menos parte integrante do futuro do Botafogo’

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Por FogãoNET

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Luís Castro, técnico do Botafogo
YouTube/Canal 11

O imediatismo do futebol brasileiro impacta no projeto do Botafogo. É assim que enxerga o técnico Luís Castro, que tem sido pressionado pelos resultados no início do ano. Em entrevista ao “Canal 11”, de Portugal, o técnico falou sobre o assunto.

– As coisa se misturam muito. Neste momento, olho para mim como cada vez mais um treinador dependente dos resultados, fruto da cultura do Brasil, e menos parte integrante do que será o Botafogo no seu futuro a médio e longo prazo. Claramente essa cultura de resultados está instalada e nós treinadores temos que aceitar, porque é o contexto, nós temos que nos adaptar. Como tal, minha cabeça começa a estar muito, muito, muito virada para aquilo que é a equipe de futebol, e somente ela – explicou Castro.

O treinador português foi perguntado também se o desenvolvimento de jovens, para o qual foi contratado, é possível neste cenário.

– Desde que haja qualidade, é compatível com tudo. Qualidade não tem idade, um exemplo é o Jeffinho que trabalhou conosco durante uns sete meses, foi comprado por uns 100 mil euros, não sei exatamente, e foi vendido por US$ 10 milhões. Tem rentabilidade enorme em termos financeiros. Em termos desportivos, esteve o tempo que esteve que estar aqui. Se dá um caminho esportivo ao jogador, e sou unicamente treinador. Há outros jogadores a trabalhar conosco com grande potencial, como Bernardo Valim, titular da Seleção Brasileira sub-17, Raí, Janderson, JP Galvão, Matheus Nascimento, jovens entre 17 e 20 anos que estamos procurando desenvolver em um cenário profissional de grande exigência. Para nos darem retorno esportivo e depois retorno financeiro ao clube, que o permita estar forte neste modelo de negócio que é o futebol. Dentro da base, trabalhar, desenvolver, tirar rendimento esportivo, e depois fazer negócio. Ou comprar jovens, desenvolver e depois vender. Há vários modelos que têm que ser percebidos e percorridos. Há condições de ser feito, com maior ou menor eficácia, depende do contexto – frisou.

Por fim, Luís Castro citou a expectativa e a realidade existentes no Botafogo.

– Os projetos são mesmo isso, mas para nos atirarmos a ele temos que ter consciência do que queremos. Todos. É difícil não percebermos contextos que estamos e caminhamos, quer seja do país, do clube ou da cultura. O Botafogo quer muito ganhar, as pessoas estão ávidas por ganhar, eu também, qualquer pessoa está. O clube quer muito esse mais, mais e mais. Mas é impossível passar de um ponto para o outro sem fazer a transição, tem que fazer a ponte para chegar ao outro lado. Para o clube se situar onde quero que esteja, nos primeiros lugares da tabela, disputando finais, andando perto de ganhar títulos, ganhando de vez em quando, porque não há clube que ganhe sempre, tem que haver um conjunto de coisas, que já falei, infraestrutura, elenco, base, desenvolvimento. Se eu agora falar isso, vão dizer que estou a dar desculpas. Não quero falar nada disso, só da equipe e mais nada – completou.

Fonte: Redação FogãoNET e Camisa 11

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