Em excelente texto, Tchê Tchê revela ter superado depressão no São Paulo: ‘Agora no Botafogo, sou de novo a melhor versão de mim’

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Por FogãoNET

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Em excelente texto, Tchê Tchê revela ter superado depressão no São Paulo: ‘Agora no Botafogo, sou de novo a melhor versão de mim’
Vitor Silva/Botafogo

Em um ótimo texto publicado no “The Players’ Tribune”, o meio-campista Tchê Tchê contou sua história de vida, as reviravoltas e até ter superado uma depressão nos tempos de São Paulo. Hoje no Botafogo, ele diz estar novamente sua melhor versão.

Tchê Tchê contou como começou a jogar futebol.

“Jogar bola me aquecia, me fazia ser parte de alguma coisa, eu via que existia um lugar no mundo pra mim. Mesmo tendo sido meio grosso quando criança. Depois, na base do esforço e da teimosia, da repetição, eu evoluí como jogador. Mas na infância, quando comecei a jogar, eu era horroroso… Séloko hahaha!!”, escreveu.

“O craque lá em casa sempre foi meu pai, um meia-atacante ambidestro que arrebentava na várzea. Ele me levava pros jogos dele, me punha sentado no banco dos reservas e eu não assistia à partida, eu assistia o meu pai. Não tirava os olhos dele. Ainda hoje eu sinto o cheiro do suor quando ele vinha me abraçar no final da partida e perguntar se eu tinha gostado. Pô, mano, eu tinha adorado! O que podia ser mais daora pra um menino de seis anos do que ver o pai jogando bola num domingo de manhã?”, indagou.

É desse início que Tchê Tchê tira forças e inspiração até hoje.

“Eu lembro desses momentos e penso que o futebol, pra mim, sempre vai ter mais a ver com amor do que com conquistas, competição, fama ou dinheiro. Eu simplesmente amo o futebol porque, jogando, eu volto a ser um menino que teve a sorte de passar domingos inesquecíveis com o pai. Parece pouca coisa, mas na quebrada de onde eu vim é um privilégio, tio… Lá tem muita criança sem pai, sem pai e mãe, ou com pai e mãe que estão no corre o dia todo e mal podem ficar com os filhos, tá ligado? Mas meu pai sempre esteve comigo em todos os momentos importantes da minha vida”, explicou.

Porém, a carreira não foi fácil. Revelado pelo Audax (onde foi aprovado apenas na terceira peneira), rodou por outros clubes e estava em baixa na carreira. Até que, de um contrato curto em 2016, começou a mudar sua história ao fazer um golaço sobre o Corinthians na Arena. Pouco depois, recebeu uma ligação de Cuca e foi brilhar no Palmeiras.

Passou pela Ucrânia, mas no São Paulo veio a maior dificuldade da vida.

No começo da minha passagem pelo São Paulo, eu levantava de manhã pra ir treinar, mas não tinha vontade. Nem de treinar, nem de jogar, tá ligado? Fui ficando sem ânimo pra fazer as coisas, não queria sair de casa. O sofá e o colchão da cama me sugavam como se fossem areia movediça. Eu só afundava e chorava. Chorava o tempo todo. Mas a minha vida tava toda certinha, eu tinha tudo que precisava. De onde vinha aquele sofrimento? Meu Deus do céu!”, exclamou Tchê Tchê.

– Eu vivi cinco meses nessa amargura, nesses extremos opostos: eu era um ser humano triste se obrigando a parecer um profissional feliz e sendo julgado por milhões de pessoas a cada três dias. E não é que eu estivesse passando a noite na farra, bebendo e tal. Não era isso. Eu estava deprimido. E me sentia culpado por estar – prosseguiu.

Com a ajuda da família, Tchê Tchê superou a depressão.

– Só depois que o pior passou eu procurei a psicóloga do São Paulo. Ela disse que eu tinha sido muito forte de ter conseguido atravessar uma depressão sem ajuda especializada. Mas não foi porque eu quis, foi porque eu não consegui gritar socorro. Finalmente eu melhorei. Me firmei como titular no São Paulo, fui pro Atlético, ganhei cinco títulos em Minas e nunca mais me senti daquele jeito – frisou.

Até que chegou o Botafogo em sua carreira, onde garante estar em seu melhor nível.

Hoje eu estou bem. Muito bem, graças a Deus. Agora no Botafogo, sou de novo a melhor versão de mim. Sei disso porque cheguei com sede de aprender, de me tornar um jogador mais completo, de continuar sendo o cara que carrega o piano pros companheiros tocarem. O guerreirinho de sempre, que, se precisar, vai correr pelos outros. É assim que eu sou feliz no futebol – afirmou.

– De vez em quando sai um gol de fora da área, mas o que eu faço de melhor é carregar o piano. Então eu vou, chego todo dia no clube, trabalho duro, dou o melhor de mim nos treinos e nos jogos e volto de cabeça erguida pra casa, pra minha família, que é o meu porto seguro. O corre é louco, parça. Posso até não agradar todo mundo. Mas amanhã é outro dia. Eu vou simplesmente dormir e tentar de novo quando acordar – finalizou.

📄 Leia o texto completo aqui.

Fonte: Redação FogãoNET e The Players' Tribune

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