Ex-jogador de futebol, Zé Roberto teve passagem de destaque pelo Botafogo, de 2005 a 2007. O ex-meio-campista deu entrevista ao “Charla Podcast”, enalteceu o clube e lembrou o Carrossel Alvinegro, time que encantou o país com um belo futebol.
Zé Roberto acredita que aquela equipe poderia ter conquistado um título de expressão.
– Tecnicamente era um dos melhores. Eu falo sempre que não tenho frustração na minha carreira, porque passei por grandes clubes e tive o prazer de ganhar no mínimo um título neles. Sou realizado. Mas fica um sentimento de que esse Botafogo podia ter beliscado uma Copa do Brasil, porque o time era muito bom tecnicamente, muito bem treinado pelo Cuca, o dia a dia era muito bom, todo mundo se entendia bem, não tinha vaidade. Em alguns momentos tentaram colocar vaidade entre mim, Lucio Flavio e Dodô, mas não existia. Nos respeitávamos muito e nos admirávamos. Esses caras jogavam muita bola, Dodô, Lucio Flavio, Jorge Henrique. O que tínhamos dificuldade era que os 11 titulares eram muito bons, mas quando perdia um sentia muita falta. Não tinha peça de reposição à altura para entrar e não fazer falta. Com esse time tivemos jogos memoráveis, demos de 5 no Athletico-PR Arena da Baixada. Não foi exatamente esse time, mas tive o prazer de ser campeão carioca em 2006, uma felicidade imensa, muito tempo sem um título, foi um resgate da alma do torcedor, de ver seu time ser campeão de novo. O Botafogo é muito grande, tem história muito rica, torço muito. Agora está em nova era, como SAF, espero, como ex-atleta, que tenha sucesso, porque foi um clube que tanto me deu, foi onde tudo aconteceu nacionalmente. No Vitória aconteceu muita coisa bacana, mas foi no Botafogo que muita gente veio me conhecer a nível nacional. Camisa muito forte. Ganhei quase todos os prêmios individuais com o Botafogo. Fica um pontinho de frustração principalmente na Copa do Brasil. Todo aquele time ficou triste porque sabia que podia chegar na final muito forte para ser campeão. A possibilidade era muito grande – disse Zé Roberto, ao “Charla Podcast”, antes de lamentar a péssima atuação da bandeirinha Ana Paula Oliveira.
– Tirou de uma final que a gente estava ali muito próximo. Com todo respeito ao Fluminense, mas se chegássemos estávamos em momento muito melhor, com sangue nos olhos para ser campeão da Copa do Brasil, com motivação e qualidade, todos os jogadores no alto nível. Estávamos muito bem preparados, era o momento, mas foi desastrosa a atuação dela. Era um jogo para termos matado no primeiro tempo. Ficamos muito tristes porque sabíamos que podíamos ter chegado naquele ano – acrescentou.
Confira outras declarações de Zé Roberto:
Parceria com Dodô
– Dodô era o toque final. Eu tinha o maior prazer de jogar do lado dele. Fazia a jogada, ele meio que assinava sua jogada. Às vezes você faz uma bela jogada, bota na cara do gol e o cara bota na arquibancada. Com ele não. Era uma chance, ia fazer. Um dos maiores que vi finalizando. Treino de finalização dele era de tudo que é forma, cabeça, direita, esquerda, peito, poder de domínio de bola, praticamente não errava.
Manias de Cuca
– Chegava no jogador, dava bala e falava que ia fazer gol. Isso no jogo, na escadinha, subindo para o campo, falava no ouvido. Comigo foram umas duas vezes, deu certo. Não dava para todo mundo não, era no sapatinho. Comigo funcionou. Ele tinha umas, como a do ré no ônibus, que não podia. Teve um estádio que passamos no meio dos torcedores, para não dar ré. Foi no Independência.
– Tecnicamente foi o melhor que trabalhei, aquele cara de ler jogo, de estar vendo as peças serem anuladas pelo adversário e mudar. Vi muito fazer isso, ele sabe muito. O dia a dia de treino também era muito bom. Mas ele era muito desconfiado, fiquei sabendo que melhorou muito. Tinha coisa de todo mundo estar falando mal dele, via problemas onde não tinha. Isso ia irritando o jogador. Chamava atenção, mas não tinha acontecido nada. Essas coisinhas que iam desgastando, mas tecnicamente foi o melhor que trabalhei.