Análise: derrota para o Coritiba expõe falta de criatividade e problemas coletivos do Botafogo

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Análise: derrota para o Coritiba expõe falta de criatividade e problemas coletivos do Botafogo
Reprodução/Globo

No segundo jogo seguido como visitante, o Botafogo voltou a decepcionar e saiu derrotado do Couto Pereira por 1 a 0. Time teve amplo domínio da posse de bola, trocou 306 passes a mais que o Coritiba, mas falhou em criar chances de gol. O jogo evidenciou a falta de criatividade da equipe, o maior desafio do trabalho de Luís Castro à frente do Glorioso até o momento. O Alvinegro seguiu com 12 pontos em oito jogos e foi ultrapassado pelo próprio Coxa na classificação.

Em busca de respostas, Castro promoveu duas mudanças no meio-campo na escalação inicial. Procurando uma ligação mais efetiva entre os setores, Del Piage e Chay entraram nas vagas de Tchê Tchê e Patrick de Paula. Com Oyama ganhando sequência na função de distribuição do jogo ainda no campo de defesa, o treinador mexeu no time pensando em ter mais peças preenchendo o campo de ataque e, consequentemente, uma equipe menos espaçada. Ainda em fase inicial de trabalho, o grande objetivo do treinador é fortalecer o caráter coletivo do jogo alvinegro, deixando-o menos dependente de lampejos individuais dos principais jogadores.

Análise Coritiba x Botafogo

Victor Sá começou o jogo pelo lado direito do ataque. Embora ambos tenham desempenho melhor na ponta-esquerda, a inversão de lados entre Sá e Diego Gonçalves tem sido comum nos últimos jogos. A presença de Igor Paixão no lado esquerdo do ataque adversário, jogador muito rápido e agudo, e a maior capacidade de recomposição de Victor Sá podem explicar a escolha do camisa 29 por ali. E como era esperado, foi pela esquerda que o Coritiba focou as ações ofensivas, com Paixão dando muito trabalho a Saravia.

Apesar dos esforços do treinador, muito ativo na beira do campo, o Botafogo teve bastante dificuldade no início da partida. Apesar da posse de bola próxima dos 60% nos primeiros 20 minutos, o time teve problemas para criar linhas de passe e trabalhar curto em progressão. Aos 17 minutos, o Footstats destacou que a equipe estava 50% acima de sua média de passes errados. As duas primeiras boas chances do Glorioso surgiram a partir de recuperações de bola que possibilitaram verticalizações rápidas na transição. Primeiro, com Daniel Borges antecipando no campo de defesa e lançando Erison e, depois, em ótimo desarme de Chay no meio-campo, bola esticada para Victor Sá e cruzamento para Erison, que foi travado na hora da finalização.

A intensidade e o ritmo forte que o Coritiba imprimiu no jogo também complicaram a construção ofensiva alvinegra. Empurrado pela torcida, o time da casa subiu as linhas de marcação e forçou o jogo direto do Botafogo, buscando sempre o Toro Erison vigiado por dois marcadores. Este cenário provocou muitos erros em lançamentos e travou a fluidez do jogo. Apenas quando o Coxa diminuiu a pressão e tirou um pouco da velocidade do jogo, o Glorioso conseguiu crescer no jogo, aumentar o índice de acerto nos passes e se fazer mais presente no ataque. Oferecendo opção de profundidade no lado direito, Victor Sá era o jogador mais perigoso da equipe.

Análise Coritiba x Botafogo

Mas aos 28 minutos, justamente quando já estava melhor no jogo, o Botafogo sofreu o gol. Após rebatida de Saravia, a última linha da defesa avançou para sair da área. Enquanto isso, no meio-campo, o Coritiba cobrou rápido uma falta e o sistema defensivo alvinegro não foi capaz de pressionar. A combinação entre linha de defesa alta e falta de pressão no portador da bola termina, habitualmente, com lançamento no espaço criado nas costas da marcação. Lançamento de Val, gol de Igor Paixão.

Depois do gol, o Coritiba recuou para explorar os contra-ataques e ofereceu a bola ao Botafogo. Apesar dos 68% de posse de bola no final da primeira etapa, o time não conseguiu dar uma resposta efetiva e levar riscos ao goleiro adversário. Das oito finalizações nos primeiros 45 minutos, nenhuma foi em direção ao gol, todas travadas ou para fora. Outro número constata a falta de ideia da equipe sobre o que fazer com a bola no primeiro tempo: 19 cruzamentos e apenas três corretos. A média de cruzamentos do time no campeonato é 19, uma das menores entre as 20 equipes.

A solução de Luís Castro foi voltar para a segunda etapa com Hugo e Lucas Fernandes. O lateral-esquerdo entrou no lugar de Saravia, que levou a pior nos duelos defensivos com Thonny Anderson e Igor Paixão. A mudança levou Daniel Borges para sua posição original. Lucas substituiu Del Piage devido à exigência de jogadores mais ofensivos para atacar a área adversária. O meia foi um dos poucos destaques do time no jogo, cumprindo bem a função de organizador na intermediária ofensiva, apoiando o jogo nas duas laterais.

Análise Coritiba x Botafogo

O Botafogo ocupou o campo de ataque, empurrou o Coritiba contra sua própria área e manteve a posse próximas aos 70%, mas não conseguiu transformar o domínio territorial em um controle real do jogo, sobretudo pela dificuldade em finalizar e criar ocasiões de gol. O número de cruzamentos continuou alto e o aproveitamento baixo, especialmente com Diego Gonçalves, que errou todas as cinco tentativas. Já o Coxa, levando muito perigo nas bolas levantadas na área alvinegra, parecia mais próximo do segundo gol. Gatito e Cuesta impediram que os paranaenses ampliassem a vantagem.

No decorrer do segundo tempo, o Glorioso não conseguiu manter o ritmo de ocupação ofensiva e viu o Coritiba encontrar soluções em contra-ataques. Castro colocou Matheus Nascimento no lugar de Chay e Lucas Piazon na vaga de Diego Gonçalves. Victor Sá foi para o lado esquerdo do ataque e foi bastante acionado. Dos pés dele nasceu a única boa chance do time no segundo tempo, em finalização de Erison e defesa de Muralha.

Análise Coritiba x Botafogo

Na próxima segunda-feira (6), às 20h, o Botafogo volta ao Nilton Santos para receber o Goiás. Vindo de dois jogos sem vitória no campeonato, o Esmeraldino tem a segunda pior defesa do Brasileirão e ocupa a 15ª posição. Os goianos ainda vão encarar um confronto decisivo contra o Red Bull Bragantino pela Copa do Brasil durante a semana.

Números do jogo: (Footstats)

Posse de bola – BOT 67% x 33% COR
Passes certos – BOT 429 (91%) x 123 (81%) COR
Finalizações – BOT 16 (3 no gol) x 13 (6) COR
Assistências para finalização – BOT 13 x 7 COR
Desarmes – BOT 15 x 22 COR
Interceptações – BOT 4 x 7 COR
Rebatidas – BOT 32 x 44 COR
Cruzamentos – BOT 9/32 (22%) x 7/14 (50%) COR
Lançamentos – BOT 8/25 (32%) x 18/47 (38%) COR
Viradas de jogo – BOT 1 x 4 COR
Dribles – BOT 9 x 13 COR
Perdas de posse de bola – BOT 33 x 23 COR
Faltas – BOT 12 x 9 COR

Fonte: Redação FogãoNET

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