Em um jogo de dois tempos distintos, o Botafogo perdeu de virada por 3 a 2 para o Athletico-PR. Na primeira etapa, o Glorioso concentrado e eficaz resistiu à pressão e marcou nas duas finalizações na direção do gol. Na metade final, o time não foi capaz de repetir a atuação e foi atropelado pelo adversário. A segunda derrota seguida acende o sinal amarelo sobre a capacidade física do elenco para suportar a maratona de jogos.
Luís Castro trouxe surpresas na escalação inicial. Além do retorno de Cuesta ao time titular após cumprir suspensão automática, o treinador promoveu outras cinco mudanças entre os 11 que iniciaram o jogo. Na lateral-esquerda, Hugo entrou no lugar de Marçal. O trio de meio-campo foi formado por Tchê Tchê, Gabriel Pires e Lucas Fernandes, com Marlon Freitas e Eduardo entre os reservas. Nas pontas, os escolhidos foram Júnior Santos e Luis Henrique.
O Botafogo foi montado para fechar os espaços na defesa em um 4-1-4-1 bem compacto, com Tchê Tchê combatendo entre as linhas e somente Tiquinho fazendo a primeira pressão. Com a bola, foco nos lançamentos, ora mirando Tiquinho isolado na referência, ora buscando Junior Santos em velocidade. Ciente da força do adversário como mandante e pensando em um confronto de 180 minutos, Castro preocupou-se em competir na primeira mão da eliminatória.
O jogo começou com um susto para o Alvinegro. No primeiro minuto de bola rolando, Cuesta cortou mal de cabeça e o Athletico acionou Christian em profundidade. O meia sofreu contato de Di Placido a centímetros da linha da grande área e o VAR entrou em ação para checar a possibilidade de um pênalti. A velocidade e o ataque incisivo à última linha de defesa foram a estratégia do Furacão para furar o sistema defensivo. Os paranaenses usaram muito o lado direito do ataque com Canobbio levando a melhor sobre Hugo nos primeiros 20 minutos.
O Botafogo suportou bem o ímpeto inicial do adversário, não sucumbiu à pressão e, com organização e muita concentração, passou a frustrar as iniciativas ofensivas do Athletico, que tinha a bola, mas não conseguia entrar na área e criar situações claras de gol. Embora atacasse pouco, o Glorioso não sofria na defesa. Adryelson e Cuesta foram destaque na proteção da área e Tchê Tchê cumpriu bem a função de não ceder espaços na entrada da grande área. Com a bola, o Glorioso melhorou o aproveitamento de passes a partir dos 25 minutos do primeiro tempo e contou com um bom desempenho de Gabriel Pires na ligação entre defesa e ataque.
Tiquinho Soares também fez um bom primeiro tempo. Muito isolado nos primeiros minutos, o centroavante foi encontrando os espaços vazios no campo para receber a bola em melhores condições. A maré virou de vez para o Botafogo aos 38 minutos do primeiro tempo. A cobrança de escanteio de Lucas Fernandes parou no pé direito de Tiquinho, que dominou e bateu com categoria no canto esquerdo do goleiro Bento. Dois minutos depois, Tchê Tchê escapou bem da pressão no meio e viu Tiquinho livre, aberto no corredor esquerdo. O centroavante aproveitou bem o espaço gerado por sua movimentação, conduziu a bola em direção à área e serviu Luis Henrique. Da quina da grande área, o ponta bateu de perna direita, contou com desvio da zaga e marcou o segundo gol alvinegro.
O placar de 2 a 0 construído no primeiro tempo foi reflexo de um time maduro, preparado para enfrentar situações de adversidade sem perder o foco no plano traçado para o jogo. Com o nível de concentração no máximo, os jogadores executam melhor as suas funções e o jogo coletivo flui com naturalidade. Por exemplo: Junior Santos e Luis Henrique não tiveram um grande desempenho técnico, mas o papel tático da dupla de pontas foi fundamental no auxílio aos laterais na defesa.
Contudo, havia mais 45 minutos a serem jogados. O Athletico voltou com substituições que logo tiveram impacto na partida. Madson já havia ganhado uma disputa pelo alto e finalizado com perigo em um escanteio aos seis minutos do segundo tempo. Aos dez, voltou a ganhar um duelo pelo alto e a bola encontrou o pé de Vitor Roque dentro da pequena área para diminuir a vantagem alvinegra. Castro logo respondeu com três mudanças: entraram Marlon Freitas, Eduardo e Victor Sá nos lugares de Gabriel Pires, Lucas Fernandes e Luis Henrique.
Aos 16 da segunda etapa, dois minutos após as mudanças de Castro, Vitor Bueno, o outro athleticano que entrou no segundo tempo, fez a diferença. O Furacão subiu a marcação, complicou a saída de bola do Botafogo e recuperou a posse no campo de ataque. O meia apareceu livre na intermediária, soltou a bomba para vencer Lucas Perri e empatar o jogo. Se o jogador vindo do banco do Athletico brilhou, os alvinegros falharam no lance. Victor Sá perdeu a bola e Marlon Freitas recuou, oferecendo um latifúndio para Vitor Bueno escolher a melhor jogada.
O Botafogo não conseguiu no segundo tempo repetir a atuação disciplinada da primeira etapa e não teve resposta ao jogo de pressão imposto pelos donos da casa. As substituições não tiveram impacto e alguns jogadores não mantiveram o desempenho. Na esquerda, Hugo voltou a ficar exposto e o seu setor foi o alvo dos ataques adversários.Cansado, Junior Santos ajudou menos na defesa e não funcionou como válvula de escape no ataque. Ninguém conseguiu replicar a função de Gabriel Pires no primeiro tempo e o time perdeu ligação entre os setores. Com o time espaçado, Tiquinho foi pouco acionado na etapa final.
Com a confiança em alta, o Athletico não desacelerou e chegou ao gol da vitória explorando um ponto forte da defesa alvinegra. O Botafogo é forte no jogo aéreo e sofre poucos gols em bolas paradas nesta temporada, mas perdeu o jogo com dois gols a partir de uma falta e um escanteio. Aos 36 minutos, Fernandinho atacou a primeira trave em cobrança de falta e desviou tirando Perri da jogada. Depois da atuação competitiva e eficaz no primeiro tempo, o Glorioso foi esmagado na metade final do jogo. Nos 45 minutos finais, o Furacão finalizou 15 vezes (nove de dentro da área) contra apenas duas do Alvinegro.
O Botafogo tem pela frente o clássico contra o Fluminense no próximo sábado (20), às 18h30, no Nilton Santos. Em janeiro, em jogo válido pelo Campeonato Carioca, o Glorioso venceu o rival por 1 a 0, gol de Victor Sá.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – CAP 54% x 46% BOT
Passes certos – CAP 386 (80%) x 312 (73%) BOT
Finalizações – CAP 23 (6 no gol) x 6 (4) BOT
Finalizações dentro da área – CAP 12 x 4 BOT
Grandes chances criadas – CAP 1 x 0 BOT
Grandes chances perdidas – CAP 0 x 0 BOT
Desarmes – CAP 14 x 10 BOT
Interceptações – CAP 10 x 18 BOT
Cortes – CAP 5 x 28 BOT
Cruzamentos – CAP 10/28 (36%) x 2/5 (40%) BOT
Bolas longas – CAP 37/67 (55%) x 38/89 (43%) BOT
Dribles – CAP 11/15 (73%) x 8/13 (62%) BOT
Disputas de bola vencidas – CAP 51 x 46 BOT
Disputas aéreas vencidas – CAP 13 x 16 BOT
Faltas – CAP 12 x 13 BOT
Cartões amarelos – CAP 1 x 2 BOT