Já existe a melhor grande SAF do Brasil?

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Já existe a melhor grande SAF do Brasil?
Staff Images/Cruzeiro, Vítor Silva/Botafogo e Rafael Ribeiro/Vasco

Desde que o movimento das SAFs começou, temos ouvido conversas sobre qual delas (entre as grandes) é a melhor, mas será que essa é uma conversa válida no cenário em que estamos? Minha resposta é: não!

Antes de tudo, devo lembrar que cada clube tem suas particularidades e o melhor para um não necessariamente é o melhor para o outro. É preciso entender que cada SAF precisa seguir um caminho mais alinhado com o perfil de cada clube, pois assim a empresa estará mais próxima do sucesso financeiro e esportivo.

Apesar de ressaltar as particularidades, também é necessário dizer que algumas ações serão comuns à maioria das SAFs, afinal, estamos falando de empresas. Em linhas gerais, não é absurdo dizer que todas elas terão que encontrar o melhor equilíbrio possível entre entregar resultados imediatos e assegurar que o futuro seja sustentável. É nesse ponto que vejo o maior desafio das SAFs e das torcidas.

Todos os clubes grandes que aderiram ao regime de clube-empresa o fizeram por conta da incompetência e má gestão instauradas por dirigentes sabedores da completa falta de punições existente no futebol brasileiro. Esse cenário fez com que os investidores assumissem clubes falidos e que precisam de um trabalho gigantesco de reestruturação.

Diante dessa urgência por um “choque de ordem”, todas essas novas SAFs precisam ser muito assertivas quando se trata das mais variadas ações, mas talvez nenhuma seja tão importante quanto a definição de como os prometidos montantes financeiros serão alocados. Vou focar minha análise em como cada SAF vem alocando seus respectivos recursos nas montagens de seus elencos.

É nesse contexto que, ao meu ver, vemos mais claramente as diferenças sobre como cada uma das grandes SAFs tem se organizado no dia a dia do futebol.

Cruzeiro: O discurso sempre foi muito direto e colocou sua torcida em contato com a enorme dificuldade de gestão enfrentada por Ronaldo e sua equipe.

Botafogo: As movimentações iniciais demonstraram uma realidade mais abastada e possibilitadora de investimentos pesados, mas ao mesmo tempo com uma conexão estreita com um plano bem traçado para a implementação de um modelo de gestão que abrangesse a totalidade do clube.

Vasco: A conversa sempre me pareceu mais focada na grande quantidade de dinheiro que seria aportada e nos jogadores “grandes” que seriam incorporados ao elenco. Gastou muito dinheiro em jogadores medianos e não conseguiu montar um elenco forte.

Conforme as SAFs foram enfrentando seus desafios diários, pudemos observar algumas adaptações nos modelos de gestão.

Botafogo: A busca passou a ser por bons jogadores que chegassem sem altos custos de transferência (preferencialmente jogadores “livres”) e que aumentassem efetivamente a qualidade do elenco, fazendo uso de um setor de “scouting” bem montado e estando aberto para realizar investimentos pontuais em jovens promessas.

Cruzeiro: Continuou apostando em atletas com salários medianos e fez uma aparente boa mescla entre jogadores desconhecidos e alguns já bastante rodados no mundo do futebol.

Vasco: Por conta desse início ruim de campeonato, boa parte da torcida está “pressionando” a diretoria para trazer medalhões. Estou curioso para ver se a estratégia de contratações será mais conservadora ou se vão seguir o padrão do início.

Ficou claro que cada realidade é uma realidade? Creio que sim!

Todas as SAFs ainda estão amadurecendo, e me parece muito prematuro cravar qual delas é a melhor. Não podemos cair na tentação de olhar apenas a tabela do Brasileirão-2023 para chegar a uma conclusão definitiva, pois é necessário uma análise mais abrangente e sólida, com mais dados históricos e com os caminhos de cada SAF mais solidificados/testados.

Os torcedores precisam entender que agora torcem para uma empresa, e isso muda muita coisa! Não adianta acreditar que a solução está apenas em preencher um cheque “pesado” e trazer jogadores que fazem gols. A torcida precisa estar ciente de que mais importante do que ter dinheiro é saber como usá-lo de forma inteligente.

Como sempre digo, estamos diante de um processo longo que exige muita cautela e responsabilidade para ser vivido e analisado.

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