Acredito ser consensual que estamos fazendo uma campanha extraordinária, algo que ninguém imaginava. Estamos felizes com o nosso momento e aprendendo a curtir esse ‘novo’ Botafogo, mas pelo menos em mim fica martelando uma dúvida: Devemos acelerar o planejamento montado para os próximos anos caso estejamos brigando pelo título do Campeonato Brasileiro no momento em que a última janela do ano estiver aberta?
É de conhecimento público que, aos olhos de John Textor, nossa meta para este ano é brigar por uma vaga na Libertadores. Caso continuemos apresentando um rendimento ao menos parecido com o atual, nosso elenco já é suficiente para disputar o G6. Agora, pensemos em um cenário onde a briga pelo título esteja sendo concreta. Será que já temos elenco para sustentar essa briga? Lembrando que possivelmente ainda estaremos disputando a Copa do Brasil e a Sul-Americana. Caso a resposta seja positiva e não tenhamos saídas de jogadores, nosso elenco estará “resolvido”. Agora, vejamos sob a ótica de que não temos elenco suficiente para sustentar essa briga…
Nesse caso, precisaremos ir ao mercado buscar a contratação de jogadores que possam fazer uma diferença qualitativa no elenco. O problema é que esses jogadores custam uma quantia significativa, seja em termos de taxas de transferência, seja em luvas. Ao discutirmos esse assunto, precisamos voltar ao objetivo inicialmente traçado por Textor, pois o orçamento foi montado com um nível de competitividade em mente, e a vontade de obter resultados maiores implica necessariamente em revisar o planejamento.
Obviamente, algumas saídas irão aliviar a folha de pagamento (como a de Piazon, por exemplo), e outras trarão receitas importantes para o cofre da SAF. É bastante provável que tenhamos ao menos um jogador sendo vendido, faço questão de pontuar que não estou trazendo uma informação, apenas contemplando uma das premissas básicas de qualquer clube de futebol, especialmente aqueles que são formadores/fornecedores. Devemos SEMPRE lembrar que somos uma empresa e, portanto, precisamos inevitavelmente levar em consideração aspectos comerciais, financeiros e estratégicos.
O Botafogo precisa fazer sentido financeiramente, ou seja, não podemos cometer loucuras e precisamos aumentar nossas receitas se quisermos ser um negócio viável após os aportes obrigatórios da Eagle Holdings. Felizmente, não vivemos mais na época em que o Botafogo contratava sem se preocupar com o impacto financeiro gerado. Portanto, mesmo se estivermos disputando o título, não devemos esperar investimentos em níveis “surreais”. A busca deverá ser por uma relação saudável e responsável entre saídas, chegadas e manutenções.
Reforço que não estou trazendo informações, mas sim uma linha de raciocínio baseada em um cenário onde o Botafogo está gerando prejuízos que, mesmo esperados, precisam receber atenção especial. Não podemos voltar ao passado e ir além de nossas possibilidades, mesmo que isso eventualmente signifique demorar um pouco mais para conquistar tudo o que queremos. Lembremos também que o Textor precisa cumprir e garantir todo o investimento acordado no contrato, e o Botafogo Associação tem por obrigação fiscalizar esse processo.
Tomara que possamos disputar o título e que a nossa inteligência de mercado, que vem sendo montada e aperfeiçoada desde que a SAF iniciou suas operações, seja um diferencial competitivo efetivo. Colocar a emoção “em campo” faz parte, mas isso não deve nos afastar da certeza de que torcer por uma empresa exige uma postura diferenciada daquela que sempre tivemos.
Nada de sofrer por antecipação. Vamos aguardar o início da nossa movimentação no mercado para analisar mais adequadamente o cenário.