A escolha de Ramón Díaz para o comando do Botafogo ainda causa desconfiança em alguns. Mas acredito que o clube tem a ganhar muito com a mudança de filosofia. A febre por técnicos estrangeiros não é apenas um modismo. Infelizmente é pela falta de evolução dos profissionais brasileiros. Quando observamos que Ramón Díaz já fala em treinos em tempo integral e trabalha para que isso seja logo colocado em prática, não estamos falando apenas em “colocar a turma para trabalhar” como alguns pensam. Estamos falando em aproveitar para se trabalhar, corrigir erros, usar o tempo da melhor maneira possível.
Quando Felipão ganhou a Copa do Mundo de 2002 chamou a atenção a qualidade e a intensidade dos treinos que ele dava na Ásia. Passados 12 anos, o treinador e seu grupo protagonizaram o vexame dos 7 a 1. Lembro alguns correspondentes estrangeiros comentando comigo que estavam surpresos, pois o Felipão daquele torneio em nada lembrava o treinador de 2002. Isso porque seus treinos tinham caído em um comodismo, com excesso de rachões e outras modalidades.
Botafogo não tinha técnico estrangeiro há mais de 70 anos

Isso para não falarmos do Parreira, eficiente em 1994 e que se contentou em ser um gestor de talentos em 2006. A gestão não deu muito certo. São dois exemplos para ilustrar como o Brasil parou nessa linha. Enquanto os profissionais brasileiros deixaram de evoluir, de se aprimorar, os estrangeiros avançam, buscam o conhecimento. Mesmo que já tenham um certo tempo de estrada, trabalham no sentido de progredir.
É péssimo generalizar, pois ainda existem exceções no Brasil. Mas o que tem gerado a febre de estrangeiros aqui é o choque de realidade que eles estão causando em atletas, torcedores e dirigentes quando colocam em prática seus trabalhos. Como há mais de 70 anos o Botafogo não tinha um treinador estrangeiro, a experiência com Ramón Díaz tem tudo para ser positiva.