Não é preciso escrever aqui que grande parte da torcida do Botafogo está revoltada com o empréstimo do atacante Jeffinho para o Lyon. As redes sociais gritam isso. Sem maiores explicações sobre a negociação, os alvinegros tiveram acesso apenas a uma nota do clube que informou o acordo na tarde deste sábado (28/1). E um trecho do comunicado deixou os torcedores ainda mais apreensivos com o futuro do Glorioso na Eagle Football.
“Ao mostrar um caminho claro para os principais jovens brasileiros se desenvolverem e terem sucesso na Europa, o Botafogo espera se tornar um dos principais formadores de talentos do Brasil para garantir seus objetivos esportivos“, diz a nota.
Como assim? É de conhecimento público, de forma oficial, que o Botafogo será uma espécie de “trampolim” para jovens talentos brasileiros no futebol da Europa? A ideia é carimbar o passaportes das joias para abastecer grandes equipes do continente? Como fica o Botafogo na história? Virou satélite?
São casos diferentes, é verdade, mas vale a lembrança. Em agosto de 2022, houve uma saída repentina de Erison, artilheiro do Glorioso na temporada, para o Estoril Praia, com a justificativa de dar rodagem e valorizar o atacante, que não teria tantas oportunidades com o técnico Luís Castro. Seis meses depois, o jogador rescinde com o time português e se aproxima de reforçar um rival direto na Série A do Brasileirão e na Copa Sul-Americana. O plano deu certo? Qual foi o sentido? Agora, no início de 2023, um dos principais ativos do clube será cedido ao Lyon. Por mais taxas interessantes que possam estar envolvidas na atual transação, quem se enfraquece tecnicamente é o Botafogo. E não há qualquer garantia de uma reposição à altura. Um movimento arriscadíssimo que deixa os torcedores ressabiados a menos de um mês da estreia na Copa do Brasil.
O anúncio do Botafogo termina dizendo que o empréstimo de Jeffinho é uma “grande inspiração para os jovens atletas escolherem o Botafogo para realizar seus sonhos no futebol”. É bom lembrar que, até onde sabemos, vestir a camisa do Botafogo já é um sonho para qualquer jogador. Dito isso, quem será o próximo a deixar o Alvinegro? E os sonhos dos botafoguenses de voltarem aos tempos de glória? Há alguém preocupado com isso na tal “cultura colaborativa”?
John Textor e sua equipe tem sido muito importantes já a curto prazo com investimentos no clube. O balanço é positivo, sem dúvida. Mas é preciso se atentar a essas decisões no mercado da bola, que desanimam e afastam seus coproprietários. Uma coisa é negociar Barreto, Oyama, Ênio, Rikelmi e Klaus para o RWD Molenbeek, atletas sem espaço, outra é mexer nos grandes destaques do time sem grandes contrapartidas financeiras. Ouso dizer que até mesmo uma saída de Matheus Nascimento, e por empréstimo, poderia ser mais aceita. Enfim, as primeiras impressões não foram boas. E toda relação que acaba de começar precisa de confiança.