Em grave situação financeira, “um paciente em estado grave na UTI”, o Botafogo deposita sua esperança de futuro na SPE (Sociedade com Propósito Específico), que separará o futebol das áreas sociais e de esportes.
A previsão é que a Botafogo S.A. tenha um aporte de R$ 300 milhões de investidores para quitar dívidas a curto prazo. O vice-presidente executivo, Luis Fernando Santos, explicou como está a situação.
– O processo foi iniciado, da nossa parte, em agosto. Recebemos projeto conceitual, mas precisa ser colocado de pé. Ninguém bota dinheiro se não souber o que é, possível retorno, os riscos. Temos prazo curto, porque só pode ocorrer entre o fim do Campeonato Brasileiro e a primeira competição de 2020. Não pode fazer essa mudança com campeonatos em aberto. Temos de 15 de dezembro a 15 de janeiro. Temos que estar prontos no fim desse ano – lembrou o dirigente à Rádio Globo.
– A expectativa é que até o dia 10 de outubro tenhamos o projeto de pé e já analisado por banco de investimentos, com análise de riscos para o investidor ver a conveniência. Depois disso, se o banco disser que projeto é sustentável, parte-se para a obtenção de dinheiro para capitalizar o projeto – disse.
Em paralelo ao projeto, desenhado a partir de contratação de estudo da Ernst & Young pelos irmãos Moreira Salles, o Botafogo precisa sobreviver no fim de 2019.
Luis Fernando Santos admitiu erros da diretoria e pediu o apoio da torcida para ajudar a salvar o clube.
– Vivemos uma dicotomia muito difícil de ser resolvida. A torcida reclama com razão, time não é o que gostaria, colocação não é o que gostaria, mas o fato é o que momento talvez não seja de reclamar, mas de tirar tudo que há contra e apoiar. O Botafogo precisa muito do apoio do torcedor, ter uma visão mais positiva possível. Nós botafoguenses somos muito negativistas, preferimos ver o copo meio vazio que meio cheio. “Ah, a diretoria é incompetente?” OK. Diretores são todos burros, não tem problema nenhum. Se saída da diretoria for resolver o Botafogo, saímos sem problema nenhum e batemos palmas. A situação é muito séria. Vale pensar “eu tenho quatro meses pela frente que o Botafogo precisa da minha ajuda”. Pode ser vindo ao estádio, não é deixando de criticar a diretoria, mas sendo menos crítico. Estamos precisando viver um clima positivo e ter bons fluidos para chegar lá – afirmou o vice executivo, que elogiou a vaquinha feita pela torcida em prol dos funcionários e reforçou a importância do sócio-torcedor.
– (vaquinha) É uma ação da torcida que só pode ser elogiada. Logicamente, isso falando em formas de mitigar problemas dos funcionários, que são extremamente importantes. Temos funcionários que recebem praticamente salário mínimo, não sei como conseguem ficar dois meses sem salário. Isso dá dor em nós, ficamos tentando solucionar. Não adianta eu falar para a torcida fazer vaquinha e arrumar R$ 50 milhões. Acho que ela pode ajudar nessas atividades de menor valor financeiro e com sócio-torcedor, que muitas vezes salvou os salários do Botafogo. São R$ 15 por mês para o torcedor, praticamente de graça, se recebe mais que isso em descontos – finalizou.