Quando assinou um pré-contrato com o Botafogo em agosto do ano passado, Jorge Wagner não poderia imaginar as mudanças que o grupo passaria. Foram cinco meses de espera pela estreia, que ele revela aguardar com ansiedade apesar dos 35 anos de idade. A expectativa vai terminar hoje, às 21h, em São Januário, contra o Madureira. O jogo é o primeiro na temporada do grupo que treina de olho no Deportivo Quito, adversário da próxima quarta-feira, na primeira fase da Libertadores.
No Japão, onde atuou nos últimos três anos no Kashiwa Reysol, Jorge Wagner acostumou-se a acordar às 4h da manhã para assistir ao Botafogo no Brasileiro. O elenco pouco mudou, o sistema defensivo é o mesmo, mas a torcida lamentou nas últimas duas semanas a saída das duas referências: Seedorf e Rafael Marques. A poucos dias de iniciar sua oitava campanha na Libertadores, o baiano dribla a timidez e assume sua parcela de responsabilidade.
— Esperava que eles continuassem. O Seedorf já tinha sondagens para voltar (ao Milan) e sabia que seria mais difícil de ficar, mas estou preparado para superar tudo isso. Vai ser mais uma dificuldade, poderíamos dividir a responsabilidade, mas temos grandes jogadores experientes, como Renato, Jéfferson e Bolívar, com passagem pelo exterior e que sabem o que significa uma Copa Libertadores. A responsabilidade vai ser dividida, mas, com certeza, eu não fujo— afirmou o meia ao GLOBO.
Preencher a saída de jogadores importantes não é novidade para Jorge Wagner. Em 2003, no Corinthians, foi contratado após a saída de Ricardinho. No São Paulo, quatro anos depois, vestiu a camisa 7 que era usada por Mineiro, titular do time campeão mundial. No Botafogo, a confiança no é tão grande que o meia pediu ao presidente do clube, Maurício Assumpção, para vestir o mesmo número. No ano passado, Bruno Mendes chegou a começar a temporada com a 7, mas sentiu a pressão de vestir a camisa de Garrincha, pediu para trocar de número e o posto ficou vago.
Com passagens também por Bahia, onde foi formado; Cruzeiro; Internacional, quando foi campeão da Libertadores em 2006; Lokomotiv Moscou, da Rússia; e Betis, da Espanha, Jorge Wagner teve contato no final do ano passado com torcedores alvinegros numa confraternização em Feira de Santana, sua terra natal. Lá, conheceu o espírito da torcida.
—A necessidade de conquistar um título é muito grande, um título de grande expressão, um Brasileiro, Copa do Brasil ou Libertadores. A cobrança é em cima disso e esse grupo há algum tempo já vem dando uma resposta positiva. Este pode ser o ano do Botafogo — disse o jogador.
Nesta quinta, em São Januário, Jorge Wagner dividirá a função de criar as jogadas ofensivas com Lodeiro. O uruguaio foi sondado pelo Besiktas, da Turquia, mas o Botafogo afirma não ter intenção de emprestá-lo. Na contenção, o time terá três volantes: Marcelo Mattos, Gabriel e Bolatti. A formação deve ser repetida em Quito, onde a ideia é segurar o ímpeto do Deportivo na altitude de 2.800 metros. No ataque, Tanque Ferreyra ainda não está regularizado e Henrique será titular hoje. Ontem, o atacante Wallyson, ex-Cruzeiro e Bahia, fez testes físicos e assinou por uma temporada.
Enquanto o ataque vive de apostas, o time pode contar com Jorge Wagner nas bolas paradas. Ontem, depois do meia mostrar no treino estar em forma nas cobranças frontais, o zagueiro Bolívar elogiou o ex-companheiro de Internacional:
— Em 2006, eu ganhei muito bicho com as bolas paradas dele. Num jogo truncado, com poucas oportunidades, ele pode fazer a diferença, assim como nas faltas e escanteios.
BOTAFOGO: Jéfferson, Edílson, Bolívar, Dória e Júlio César; Marcelo Mattos, Gabriel, Bolatti, Jorge Wagner e Lodeiro; Henrique
MADUREIRA: Yan; Marquinho, Aislan, André e Luiz Paulo; Victor Bolt, Bruno Tiago, Gílson e Carlinhos; Robert e Allan