Em 2006, quando ainda era jogador do Milan, Seedorf veio ao Brasil no dia 28 de dezembro, para participar do Jogo das Estrelas, amistoso beneficente organizado por Zico. Ao receber o telefonema de Leonardo, ex-jogador e ex-dirigente do Milan, e ficar sabendo que jogaria com o Galinho e com Júnior, o holandês ficou emocionado. Durante participação no programa “Bem, Amigos!”, o meia do Botafogo revelou que assistia aos jogos da seleção brasileira, quando tinha 10 anos, e que participar do amistoso foi a realização de um sonho de criança.
– Fiquei feliz por jogar com meus dois ídolos naquele dia. Lembro que tinha 10 anos e ficava vendo os jogos deles no Mundial (de 86). Sempre tive uma certa afinidade com o Leonardo, que organizava o jogo do Zico. Ele me ligou e falou: ‘Vai jogar o Zico, o Júnior…’. Respondi: ‘O quê? Espera aí que vou ligar para o meu pai e avisar que vou jogar com eles dois’. Para mim foi um momento muito especial, porque quando criança imaginava certas coisas. Mas como ia imaginar que um dia jogaria no Brasil e estaria em campo, jogando com eles? – revelou o craque holandês.

No jogo, realizado no Centro de Futebol Zico, o meia do Botafogo marcou dois gols e foi eleito o craque do jogo. Acabou sendo premiado com o Troféu Dona Matilde, que leva o nome da mãe do Galinho de Quintino. Ao final do amistoso, foi Seedorf quem premiou outra pessoa. O jogador deu as chuteiras usadas a um jovem torcedor paraplégico que estava acompanhando o evento.
Aos 37 anos, Seedorf é um dos líderes do atual elenco do Botafogo e afirmou que, mais do que broncas, o importante é orientar os mais jovens do grupo.
– Sempre levei esse sentimento aos jogadores no vestiário. Já passei por muitas coisas, então acho que posso entender o que passa na cabeça dos outros garotos. Seria um pecado não dar atenção a eles, não tentar ajudar a ter uma boa carreira. Mais do que uma bronca, que é algo que a gente fala mais, o que eu mais faço é incentivar, dar conselhos, 80% ou 90% do tempo é isso. É apontar algumas coisas, fazer pensar como as coisas poderiam ser melhores – comentou.
Por fim, Seedorf fez um paralelo entre os jovens que se tornam jogadores de futebol na Europa e no Brasil. O holandês ressaltou que, no Velho Mundo, um atleta alcança uma primeira divisão nacional já com uma educação completa, enquanto os brasileiros contam apenas com o talento para vencer.
– Tem muita coisa, principalmente na vida do brasleiro, que são particulares. Muitos na Europa teriam uma vida melhor. Quando chegam à Série A, todo mundo passou pela escola, todo mundo tem uma educação de certo tipo. Aqui tem o talento, que chega com educação ou sem educação. A parte social é muito importante. E, para mim, ver a dificuldade que muitos tem mais a vontade, todos os dias levantando 5h30 para chegar 6h30. Tem gente que quer. Só que precisam de um guia e muita ajuda para ficar no caminho certo – concluiu.