William Bacana, Perivaldo, André Santos, Cláudio Henrique e Clei; Nelson e Suélio; Aléssio, Eliel, Sinval e Marcelo Costa. Em um clubes que teve craques como Garrincha, Nílton Santos, Didi, Gérson, Jairzinho, este foi o time que entrou em campo para fazer história em 30 de setembro de 1993, no Maracanã, pela decisão da Copa Conmebol, que nesta segunda-feira completa 20 anos. Ao vencer o Peñarol por 3 a 1 nos pênaltis, depois de empatar em 2 a 2 no tempo normal, o Botafogo vencia seu primeiro titulo internacional.
Carlos Alberto Torres foi o técnico responsável por levar estes jogadores à taça do início ao fim da campanha. Enquanto tomava seu chocolate quente (“Grande, pô!”) em um shopping grã-fino na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, o Capitão do Tri recebeu o Impedimento para bater um papo sobre a improvável conquista do time que, no mesmo semestre, terminaria na 31ª colocação de um Brasileiro com 32 clubes. Educado e falante, contou com orgulho detalhes de um dos mais modestos times em que já esteve.
Por Eduardo Zobaran
IMPEDIMENTO: Como a gente pode classificar tecnicamente aquele time de 1993?
CARLOS ALBERTO TORRES: Hmm… (leve sorriso). Bom, a realidade é que todo mundo tem noção. Tecnicamente é difícil analisar, mas a gente conseguiu unir bem o grupo, muita gente vindo da base, alguns jogadores que foram contratados e que não tinham muita experiência nos clubes deles. Aí, eu conversei com os caras. Nós jogamos os dois últimos jogos, contra o Atlético-MG (semifinal) e o Peñarol (final), no 4-2-4. Todo mundo pensou: “O cara tá maluco!”. Não, não está maluco. Foi um trabalho que nós fizemos com os jogadores pela necessidade da vitória. Com um time modesto, só consegue alcançar seu objetivo se você abusar da sorte. Falei para os caras: “Quando tivermos a posse da bola, vamos para o jogo sem medo”. Tratando de valorizar a posse de bola, não vamos perder. Sem querer falar mal, mas como esse time atual perde! Pô, é brincadeira (na véspera da entrevista, o Botafogo perdeu por 2 a 1 para o Bahia, no Maracanã). E quando eles tiverem a bola, o time tem que voltar para compor. Não era um time tecnicamente excepcional, mas tinha o Sinval. O Sinval, né?!, que estava numa fase muito boa…
O fato de ser um time modesto dá valor à conquista?
Valoriza muito mais. Isso estou te falando porque os próprios jogadores reconhecem que o time não era nada de excepcional e, por isso mesmo, a conquista tem que ser valorizada. Eles acham e eu também. Ganhar título com time bom, aí qualquer um ganha. Eu já ganhei. Agora, quero ver ganhar com time modesto. Não é time ruim, porque time ruim você não consegue nada. Mas um time modesto, como o nosso, começando, com dificuldade de grana no clube…
No ano anterior, o Botafogo foi à final do Brasileiro, mas o bicheiro Emil Pinheiro, que era presidente do clube, deixou o Botafogo e nenhum jogador do time titular de 1992 permaneceu. Qual era a realidade daquele Botafogo em 1993?
Eu não peguei o Emil. A realidade era zero. Não tinha nada. Inclusive, encontrei com um grupo de botafoguenses há poucos dias. Eles fizeram uma homenagem a Eliomar, Nelson, André (jogadores do time campeão), Mauro Ney (Cidade Palmeiro, então presidente do Botafogo), e todos falaram das dificuldades. O Emil quando saiu, acabou! Mal comparando, é como se o Celso Barros largasse o Fluminense hoje. Então, é muita dificuldade. No dia em que vieram na minha casa me convidar para ver seu eu aceitava ser técnico…
Você já não era técnico há algum tempo?
É… eu fiquei afastado porque era vereador.
No PDT, né?!
No PDT. Eu não quis continuar porque pensei: “Esse não é meu lance”. Terminou em 1992 o meu mandato. Em março, foram me convidar porque o time estava mal, inclusive no Carioca, arriscado a cair. Foram lá na minha casa. “Pô, capitão, e aí?… mas não tem dinheiro.” Eu fiz uma jogada com o Botafogo porque eu tenho muitos amigos no mundo todo e tenho facilidade de conseguir coisas. E eu tinha, uma semana, duas semanas antes, recebido um telefonema de um amigo que mora numa ilha francesa que se chama Martinique (Carlos Alberto pronuncia com o sotaque francês), que a gente chama Martinica. Porra… paraíso, né! Ele falou: “Pô, Carlos Alberto, quero trazer um time para jogar duas partidas aqui”. Uma em “Martinique” e outra em “Guadaloupe” (também com sotaque francês), ali do lado. [NE: Assim como Martinica, Guadalupe é uma região administrativa da França] Falei: “Vou ver se te consigo”. Quando o presidente veio falar lá comigo e disse que não tinha dinheiro para pagar, eu falei: “Não tem problema, eu tenho dinheiro para me pagar!”. Disse: “Tenho dois jogos na mão, para duas partidas no Caribe. O Botafogo vai lá, eu tiro um dinheiro para pagar os jogadores e o resto é meu”. Eu me paguei, porra!
Até o fim do ano?
No fim do ano, o (Carlos Augusto) Montenegro, que é muito meu amigo, foi candidato (à presidência do Botafogo). O Fluminense me convidou e, dentro daquela realidade do Botafogo, o Fluminense era… Falei para o Montenegro: “Olha, o Fluminense me convidou. Se for atrapalhar sua eleição, eu até continuo. Mas, senão, tá aí uma situação”. Ele falou: “Fica tranquilo. Se o negócio é melhor para você…”. Mas falei com o Montenegro! Foi até bom para o Botafogo, porque no ano seguinte (1995) foi campeão brasileiro.
Como é para um ex-jogador que está na lista dos melhores do mundo, capitão do Tri, chegar em um time em que os melhores jogadores são Sinval, Perivaldo, Nelson e Rogério Pinheiro, que talvez não tenham tido nem uma carreira mediana no futebol?
Veja bem… Eu tive uma grande sorte na minha vida de desportista. Fui campeão em todos os times, como jogador, como treinador, trabalhei no exterior, fui da seleção, mas a grande sorte que dei na minha vida – e isso é uma coisa importante para caramba – foi que, antes de completar 20 anos de idade, já jogava na seleção e fui para o Santos, que era o melhor time do mundo. Tinha só Gilmar, Mauro, Zito, Coutinho e, principalmente, Pelé. O Pelé, eu falo sempre, somos muito amigos. Foi o grande espelho que tive na minha vida de desportista e de pessoa. Um cara que até hoje é o rei e é simples para cacete. Para mim foi uma puta de uma lição. Aprendi a ser um cara simples com o Pelé. Foi o exemplo que eu tive durante 12, 13 anos. Entre Santos, seleção e o Cosmos de Nova York, além da convivência que a gente tem. Tive esse grande exemplo, que agradeço a Deus, de ter conhecido o Pelé, ainda jovem, com 20 anos. Aprendi tudo com o Pelé, acima de tudo, na simplicidade do dia a dia, a não botar banca com ninguém, a ser um cara simples e falar com todo mundo, não encher o saco para nada, tirar mil fotografias e sorrindo. Entendeu? E com maior prazer. São lições que a gente tem na vida e, graças a Deus, eu fiz bom proveito delas.
Essa lição serviu para aquele time do Botafogo?
No decorrer da carreira e vida, você vai aprendendo limitações. Eu joguei sempre em grandes times, mas, principalmente, depois que passei a ser treinador. Por acaso, peguei o melhor time daqui (Flamengo de 1983) e fui campeão brasileiro. Depois, trabalhei em outros clubes, trabalhei em outros países, na Nigéria, no Haiti… Malandro, olha onde eu fui trabalhar!, no Azerbaijão, Omã! Eu não tinha menor necessidade, mas atendi, e não foi por grana. Acima de tudo, fui pelo apelo que os caras achavam que eu podia dar para o futebol desses países modestos, mas eu colaborei. E a convivência que eu tive com o pessoal do Botafogo eu trouxe já do Cosmos, dos garotos americanos, que não eram ídolos, mas a gente estava sempre ali, incentivando eles. “Vamos lá, treina legal que vocês vão evoluir.”
Voltando à final, o time conseguiu um bom resultado no jogo de ida, 1 a 1, em Montevidéu. No Rio, no entanto, foi para o intervalo perdendo por 1 a 0. Na época, os jornais falavam que você deu uma grande bronca e falou que quem fizesse gracinha nunca mais jogaria contigo.
Não lembro. Talvez tenha falado. Nós viramos o jogo e no final (do segundo tempo) eles empataram. Foi mais pela inexperiência do nosso time. Nós conseguimos virar o placar e o pessoal, ao invés de guardar posição, malandragem, começou a zagueiro ir para frente. Foi num lance que o André, nosso zagueiro, foi lá na linha de fundo que eles fizeram o contra-ataque e empataram. Porra! Mas felizmente nós conseguimos vencer.
E você foi expulso ainda no fim do segundo tempo. Lembra do que aconteceu?
Não lembro exatamente… não lembro. Foi algo no sentido de motivar e incendiar nosso time.
Quem ficou muito marcado foi o goleiro William Bacana, que, praticamente, só jogou esses jogos com a camisa do Botafogo.
O goleiro era o Carlão, que eles trouxeram do interior de São Paulo e era um grande goleiro. Foi importante na campanha, mas ele teve um problema. Jogou o William e ele era um grande goleiro. Não tinha grandes oportunidades no Botafogo, mas a gente sabia que o cara era bom. Foi lá e garantiu. Pegou pênalti e tudo. Não sei quantos…
Um só. O outro foi para fora. O Botafogo também perdeu um.
Foi o Sinval…
[Neste momento, a entrevista é interrompida por um senhor.]
SENHOR: Desculpa interromper a conversa, meu capitão! Você sabe quando o Brasil começou a ganhar a Copa de 70?
CARLOS ALBERTO TORRES: Hmm… Não…
Foi quando você deu aquele TAPA-MULEQUE e derrubou o inglês (Francis Lee, que, pouco antes, havia acertado um chute no goleiro Félix). Ali nós ganhamos a Copa. Você ganhou aquele jogo!
Assim como eu dei, qualquer outro teria dado.
Mas ninguém deu, você que deu. Você chutou sem bola eu estava vendo na televisão. Aquilo foi maravilhoso…
…na hora certa.
Isso, você está na hora certa, no lugar certo… Tchau (se despede)
[Educadamente, Carlos Alberto também se despede e imediatamente segue a falar sobre a disputa de pênaltis entre Botafogo e Peñarol.]
… mas o Sinval era o artilheiro. Na hora da relação, nós colocamos ele em primeiro. Nos pênaltis, – a gente vê aí o que os caras fazem -, mas a escalação ali é o primeiro e o terceiro. São as chaves. O primeiro e o terceiro têm que fazer.
Por quê?
Se você fizer o primeiro (gol), o segundo e o terceiro (batedor) vai lá e faz. E você mata o outro time.
Muita vezes deixam o melhor para quinto e ele acaba não cobrando…
O erro é esse. Deixar o melhor para bater por último. Tem que ser o primeiro ou o terceiro. Se escolher assim, não tem erro.
Nem o Botafogo parecia esperar tanta comoção por aquele jogo. O clube colocou só 30 mil ingressos à venda no Maracanã e a previsão era de 15 mil torcedores. Jornais da época dizem que apareceram 70 mil torcedores.
Parece que abriram os portões, né?! O time não tinha nenhum apelo em termos de jogadores para lotar o Maracanã. A realidade era essa. Parece que o pessoal foi pego de surpresa. O número de ingressos foi talvez a metade do que imaginaram e, na hora, tiveram que abrir os portões.
Esse título do Botafogo aconteceu enquanto o Botafogo fazia uma campanha muito ruim no Brasileiro, uma das piores de sua história.
A Conmebol era outro nível. Pegamos o Bragantino (na estreia da Conmebol) e ali foi sofrido. Ganhamos ou empatamos aqui, já não sei (O Botafogo venceu por 3 a 1, em Caio Martins). O Bragantino tinha um time que não perdia em Bragança. Pode ver o retrospecto. Pensei: “Vou inverter a coisa. Todo mundo vai lá para se defender”. Chamei os jogadores e falei: “Se a gente perder, é mais uma derrota. Ao invés da gente esperar, vamos começar o jogo para cima deles”. Porra… em 10 minutos a gente já estava ganhando o jogo. Em 10 ou 15 minutos a gente estava 1 ou 2 a 0 (O Botafogo fez 3 a 1 aos 23 do primeiro tempo. E venceu por 3 a 2.). Foi uma puta de uma surpresa, mas deu certo. Era um mata-mata que sempre podia…
Depois veio o Caracas, da Venezuela, e…
É, mas o Caracas… mesmo com o nosso time…
Moleza?
Mas ganhamos só de 1 a 0 lá (A volta foi 3 a 0, no Caio Martins). Mas o grande jogo foi o Atlético-MG (na semifinal). Nós perdemos lá de 3 a 1, né?! E tínhamos que fazer 3 a 0 aqui. Eu falei: “Pu… Como é que vou fazer 3 a 0 aqui?”. Chamei os jogadores dias antes do jogo e falei: “Olha, amigos, calça de veludo ou bunda de fora. Se a gente perder, é mais uma derrota, mas a gente pode reverter se jogar sem medo dos caras. Nós vamos para o suicídio!”. Na semana passada, uns torcedores me deram uma placa que diz: “Obrigado, Capita, pelo 4-2-4 mais louco das nossas vidas”. Joguei no 4-2-4. Ninguém faz isso. Agora, quando eles tiverem com a posse de bola, não pode ficar nêgo lá na frente. Se não nós estamos fu… Foi uma loucura o jogo, e sem concentração.
Não tinha concentração?
Não tinha grana para pagar. Marquei com os jogadores em um clube lá de Niterói. A gente se reuniu para comer antes do jogo e dali ir para o Caio Martins. Porra… Aquela foi foda.
E o terceiro gol foi no final…
Foi no segundo tempo (aos 33 do segundo tempo), mas o time massacrou. Foi mais na vontade do que na técnica. A técnica foi dos caras seguirem aquilo: tem que voltar para marcar.
Enquanto fazia todos esses gols na Conmebol, o time só foi marcar seu primeiro gol no Brasileiro depois de nove jogos.
Teve alguns jogos que a gente perdeu injustamente. A gente merecia ganhar, mas não saía. O time na competição longa não tinha gabarito. É como hoje pegar um time fraco no Campeonato Brasileiro e vai lá para baixo. E nossa situação era aquela na época.
Se tivesse rebaixamento, o Botafogo teria caído?
Teria. O time não tinha grana para comprar jogador para jogar um Brasileiro. A diferença é que a Conmebol era mata-mata. No Brasileiro, lembro que nós fomos a Porto Alegre jogar com o Internacional, jogamos bem e perdemos de 1 a 0.
Lembra que um mês depois do Botafogo ser campeão da Conmebol, torcedores invadiram o campo do Caio Martins para chutar bolas dentro do gol? O Botafogo ainda não tinha feito gol no Brasileiro.
Não lembro, mas era muita dificuldade. O clube estava numa época negativa do caramba. Se você olhar um clube grande como o Botafogo… Hoje a maioria dos jogadores pode ficar dois meses sem receber porque recebe 100 paus aqui, 100 e porrada ali, vive dois, três meses. Naquela época, era contadinho o dinheiro dos caras.
Parece que, depois de quebrar o tabu de 21 anos sem título em 89, vencer o bicampeonato estadual no ano seguinte e ser vice-campeão Brasileiro em 1992, o Botafogo “caía na real” naquele ano.
Quando o Emil saiu… Todo mundo sabe, não estou nem elogiando o Emil porque eu nem conhecia ele. Todo mundo sabe que ele sustentava o Botafogo, contratava, pagava jogador e saiu. De onde vem grana para pagar? Não tinha. Tô falando! Eu fiz o que eu tive na mão porque eu precisava de um time para jogar (os dois amistosos no Caribe). Caiu do céu!
Em dinheiro de hoje, sabe quanto ganhou naqueles dois jogos?
Seria uns 40 mil dólares por jogo. Foram dois jogos. Mas fiz um trato: “Não precisa me pagar, mas esse dinheiro é meu. Vou pegar uma grana e dar para o jogadores” Dei mil dólares para cada um, sei lá. Os caras foram de graça, pô. E foram para o Caribe! Nenhum time brasileiro tinha ido lá até então.
Botafogo fez grandes excursões por todo o mundo, jogou com os maiores times do mundo, até com o próprio Santos, mas, preto no branco, o único título internacional oficial é a Conmebol.
Isso é uma dádiva. O Botafogo na época que teve grandes times, grandes jogadores, era base da seleção brasileira campeã do mundo, mas nunca tinha ganho uma Libertadores. De repente, se tivesse jogado mais Libertadores, poderia ter ganho uma. Mas lembro que ganhou vários torneios não-oficiais. Lembro de jogar muitos torneios pelo Santos e a gente sempre encontrava o Botafogo e o Cruzeiro, na Venezuela, México, Peru, Chile, para jogar torneios. Mas eram não-oficiais. Ganhei muitos torneios com o Santos por aí afora.
Então, é besteira pensar na Conmebol como o único título internacional do Botafogo?
Não… não… Título oficial é. E acho que quem participou daquela conquista tem que valorizar. Porque se você for considerar a história do Botafogo e os times que o Botafogo teve, porra!, um time modesto desse ganhou. Isso vale muito.
Sem falar só naquele time de 1993, qual é a identidade do Botafogo?
Vejo o Botafogo como o clube que sempre teve grandes times, times de ponta. Depois daquela época de Garrincha, Nílton Santos, Amarildo, Quarentinha, Manga, o Botafogo veio com a nova geração de Jairzinho, Paulo César, Arlindo, Roberto (Miranda) e sempre procurando disputar título. Ficou um tempo sem ganhar o Carioca, mas estava sempre ali. A tradição do Botafogo, na minha visão, era essa e ainda é. Sempre é o clube que até hoje, no mundo inteiro, as pessoas lembram servindo as seleções brasileiras campeãs. Essa é a visão que a gente tem. Eu não tenho outra. Acho até que já era hora de partir para fazer um grande time.
Formar um grande time ou esse atual já é um grande time?
Não, formar um time-time. O Botafogo tem um bom time, mas se analisar friamente – e eu analiso sem a paixão de torcedor – não tem um grande time. Tem um time bom, bem armado taticamente. Na minha opinião, tem muitos defeitos. Se me chamarem, vou lá, falo e mostro.
Onde peca esse Botafogo atual?
Sou assessor do presidente (Maurício Assumpção), mas não me meto no futebol. Acho que o time tem muitos defeitos. Taticamente, está bem armadinho. Defende bem, na hora de sair, saí. Mas é um time, por exemplo, que erra o maior número de passes. Já viu essa estatística? Não consegue sair corretamente. Uma hora vai perder o jogo, ontem (contra o Bahia, no Maracanã) aconteceu isso. Se está ganhando, valoriza, toca a bola. Não é fazer cera, é tocar a bola correto. Esse time tem muito erro, muito erro, muito erro…
O que acha do Seedorf?
Um jogador do cacete, mas que está jogando errado. O Seedorf sai jogando com um cara colado na bunda dele. Já é veterano, não tem mobilidade para sair da marcação. Ele tem que jogar de frente para o adversário. Não é de costas. Mesmo sendo um puta jogador, tem dificuldade. Até o Neymar, com 21 anos, teria. Bota o Seedorf aqui, ó (mostra desenhando um campo imaginário), e ele comanda o jogo. Vê como o Juninho joga. Vê se ele joga lá dentro.
Alguma semelhança entre aquele Botafogo e esse?
Não… Esse atual ainda é melhor.