O 13 de dezembro que marca os 40 anos da conquista do título do mundial de clubes, no Japão, serve também para refletirmos sobre o porquê de o Flamengo ter se desgarrado tanto da realidade econômica dos seus rivais do Rio de Janeiro.
E não caiam, por favor, na narrativa barata de que o distanciamento ocorreu apenas porque administrações passadas de Botafogo, Vasco e Fluminense perderam o controle de suas finanças gastando em reforços um dinheiro que não tinham.
Não foi por aí…
O Flamengo mudou sua realidade porque um grupo de bem-sucedidos executivos anteviu que o cenário era favorável para a recuperação de uma marca com 40 milhões de adoradores país afora: mundo globalizado, a era digital batendo à porta e o streaming surgindo até o final da década como a solução definitiva para a fixação em outro patamar.
Se tivesse as dívidas saneadas (já ultrapassavam R$ 800 milhões) e a reputação recuperada, em menos de dez anos o clube estaria entre os maiores do mundo.
Ou seja: o que diferenciou o Flamengo de seus rivais estaduais nos últimos oito anos não foi o “gastar pouco” ou o “contratar jogadores sem expressão”.
Até porque isso não é verdade.
O que fez do Flamengo o maior clube do continente foi a capacidade de se organizar como empresa e gerar receitas relevantes.
Afastou da gestão sócios viciados, atrelados a um modelo administrativo do século passado, e a assepsia ideológica mudou a perspectiva do clube sob o ponto de vista financeiro.
Nesta terça-feira (14), Conselho Deliberativo do Botafogo vota o orçamento para 2022.
A peça, que já tem o parecer positivo do Conselho Fiscal, estima receita bruta de quase R$ 193 milhões, contra despesa de pouco mais de R$ 191 milhões – superávit de R$ 1,5 milhão.
Pois bem: o faturamento é cinco vezes menor do que o bilhão estimado pela diretoria do Flamengo no orçamento aprovado dias antes pelo Conselho de Administração.
Mas o superávit de R$ 187 milhões previsto pelos rubro-negros é 124 vezes mais otimista…
A comparação é com o Botafogo, mas poderia ser com Vasco ou Fluminense.
Se os três não modernizarem o modelo de captação de receitas, a diferença nos próximos dois anos será ainda maior.
Me cobrem…