Eliminado na primeira fase do Campeonato Carioca-2023, o Botafogo ficou fora das semifinais e terá que disputar a Taça Rio. Para o comentarista Ubiratan Leal, da “ESPN”, se há um ponto que pode ser visto como positivo é o tempo para arrumar a casa.
– Vai jogar a Taça Rio, que virou torneio de consolação, e o jogo com o Brasiliense pela Copa do Brasil. Só em 15 de abril vai estrear no Campeonato Brasileiro contra o São Paulo. Ainda que os jogos da Taça Rio tenham importância pela classificação para a Copa do Brasil, são jogos com menos holofote e nível técnico mais baixo. Dá para trabalhar de forma mais discreta, um pouco longe do noticiário, enquanto tenta resolver outros problemas. Dá para tentar tirar alguma coisa positiva da eliminação, que no geral é ruim, é constrangedora. Não foi bom, se tivesse classificado já estaria na Copa do Brasil do ano que vem. Mas está com muito problema para resolver, o que está ficando evidente, e não é só dentro do campo – enfatizou Ubiratan Leal.
– Dentro do campo, a SAF, que comemorou um ano do primeiro aporte do John Textor, tem trajetória muito oscilante, não tem linha de evolução linear. Teve investimentos iniciais, não deram resultado, o time não estava bem, no segundo aporte se ajustou e fez bom segundo turno. Este ano se imaginou que fosse manter o embalo, mas passou a ter muitos problemas. Acabou ficando nessa situação que vemos agora. Tem que conseguir fazer avaliação mais criteriosa desse elenco e do mercado, no qual tem bons momentos, mas não se vê lógica tão clara. No geral, o time foi montado para ser jovem, que ia revelar jogadores e até por isso contratou o Luís Castro, acostumando a trabalhar com jovens. Só que tenta fazer isso e não sai do lugar – frisou.
O comentarista acredita que o Botafogo precisa se organizar fora de campo e frisa a importância da contratação.
– Talvez seja necessário o John Textor fazer aporte por mais jogadores, ainda mais no momento que Patrick de Paula se contunde. O problema principal para mim do Botafogo é fora de campo, até por isso é bom ficar fora do noticiário. Até hoje não tem CEO, um chefe, vê notícia que FGTS estaria atrasado, necessidade de aporte para resolver dívidas com credores… Muita notícia administrativa que não imaginávamos ouvir nessa altura do campeonato, com um investidor conhecido. Um problema para mim é não ter esse CEO, o diretor-executivo, alguém que cuide do dia a dia do Botafogo. John Textor tem que fazer isso, mas está à distância, nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra, cuidando de outros negócios. Ele tem que fazer isso, mas precisa ter alguém que ele contrate para cuidar do dia a dia – ponderou Ubiratan Leal.
– Se está com dificuldade de se organizar para pagar certas dívidas, não estou falando que não tenha dinheiro, como vamos acreditar que o procedimento dentro do departamento esportivo esteja funcionando bem? O clube está sem liderança clara. Será que os processos internos estão funcionando adequadamente? Será que os diálogos com a comissão técnica funcionam nos termos que deveriam? Precisa botar alguém ali para mandar na história, mesmo que com perfil mais de gestão do que esportivo. Isso pode dar um norte às várias atividades internas que o Botafogo tem. Fica até mais fácil para preparar material para o John Textor e dizer que aporte precisa fazer. O Botafogo parece nesse momento disfuncional, isso inevitavelmente reflete no campo. O time não é dos melhores, precisa de investimento, encontrar cara melhor, mas a situação do clube como um todo não ajuda o departamento de futebol. Pode aproveitar que vai ficar longe dos holofote para tentar fazer algumas coisas e colocar a casa em ordem. Se chegar desse jeito no Brasileiro, talvez tenha sustos de novo. E dá para evitar, pelo nível de investimento que tem – finalizou.