* No pré-jogo, a torcida tentou criar um clima positivo, encheu as redes sociais com a expectativa pela “remontada”. Os 13 mil torcedores presentes no Estádio Nilton Santos pareciam se multiplicar, se uniram, fizeram uma pressão inicial como de 40 mil. Mas não deu. O Botafogo foi novamente derrotado pelo América-MG (2 a 0, com 5 a 0 no agregado) e foi eliminado da Copa do Brasil.
* A eliminação era o mais provável. Pelo que o Botafogo (não) vem jogando, pelas lesões, pelos problemas, pela falta de padrão tático, pela falta de qualidade ofensiva, pela desorganização defensiva. Os números são preocupantes. Oito derrotas nos últimos 11 jogos, apenas um gol marcado nos últimos cinco jogos. Mais do que uma “remontada”, o que Botafogo precisa hoje é de uma remontagem.
* E isso passa por admitir erros do processo. Luís Castro, por exemplo, chegou falando em elenco de 28 jogadores. Alguém avisou a ele do calendário apertado do Brasil (mais ainda em ano de Copa do Mundo), das viagens, das lesões e das suspensões? Nós olhamos mais para o Botafogo, mas é o tipo de problema que acontece em praticamente todos os clubes. Agora, não adianta reclamar de falta de opções.
* O Botafogo estar “estourando” fisicamente não pode ter a ver também com escolhas próprias? Muito se falou da alta intensidade exigida em treinos com Luís Castro. Se você cobra essa intensidade, sem estrutura ideal e sem jogadores acostumados, não é normal que não suportem? Mas, é claro também, que há lesões que são fatalidades, por azar, como as de Victor Cuesta, Lucas Piazon e até a de Kayque.
* Dito isso, a movimentação do Botafogo por reforços no mercado parece pequena. Mesmo com Marçal, Eduardo e Luis Henrique prometendo ser bons reforços. Falta goleiro para brigar por posição com Gatito, zagueiro após a lesão de Cuesta, volante defensivo, volante construtor, meia, pontas e centroavantes. Só laterais que tiramos dessa lista, mais pela quantidade, do que pela eficiência atual.
* Uma das reclamações recente de Luís Castro foi que atuou em um jogo com o time da Série B. E cadê os reforços acostumados com a Série A? Novamente, a busca é por jogadores que vêm do exterior. Atrás do “ótimo”, o Botafogo está deixando de lado o “bom”, atletas que poderiam ser úteis para compor e fortalecer o elenco este ano.
* Há critérios de Luís Castro que são difíceis de serem entendidos. Tchê Tchê passa um tempão sem jogar, volta como titular em partida decisiva. Outros vão mal em algum jogo (ou mais), como Chay e Daniel Borges, e no outro nem entram. Luís Oyama perdeu completamente o espaço. O ideal é fazer todos se sentirem motivados e úteis, com critérios claros de utilização.
* Tem pontos positivos? Tem. A escalação inicial contra o América-MG enfim tinha uma cara de time, deixava alguma esperança. Pressionou no início, se lançou demais e foi sucumbindo a cada gol sofrido. Mas tem Lucas Fernandes bem, tem Gustavo Sauer voltando, Erison se recondicionando, Matheus Nascimento mais confiante, Jeffinho fazendo fumaça. Tem Marçal, Eduardo e Luis Henrique para estrear. Tem jogadores mais perto de retornar, como Rafael e Victor Sá, além de Lucas Piazon.
* O fim do primeiro turno é complicado, ainda mais na situação atual do Botafogo, mas o time tem que sobreviver (exatamente como diz Luís Castro), pontuar e se preparar para se fortalecer para o segundo turno, a fim de conseguir ficar na Série A sem sustos.