Como todo investidor, John Textor fez a sua análise de mercado antes de investir no Botafogo. O futebol brasileiro é barato se levarmos em consideração a desvalorização da moeda. Além disso existem competições com grande potencial como Campeonato Brasileiro, Copa Libertadores e o próprio Mundial de Clubes. Assim o produto futebol brasileiro, por mais que muitos tentem desvalorizar, segue interessante. Dentro dele o Botafogo é sim uma bela aposta. Mas acredito que seja complicado explicar para John Textor algumas coisas. Uma delas é o Estadual.
Antes que os saudosistas de plantão me ataquem, também fui por muitos anos fã da competição. Era muito legal ver Bangu e America fortes, o Americano criando caso em Campos, os buracos da Rua Bariri, as tardes de sol em Conselheiro Galvão e por aí vai. Como foi legal ver o Porto Alegre ganhar do Flamengo e ajudar o Botafogo na conquista do título de 1989. Mas o Estadual desvalorizou tanto que hoje é impossível acreditar na volta deste tempo.
Chegamos a um 2022 em que o futebol exige profissionalismo. Temos visto a Série A do Brasileirão tomada por clubes que fizeram a aposta de romper com o amadorismo. Enquanto isso percebemos uma Série B com alguns gigantes que pararam no tempo.
Estaduais precisam entender novo tamanho

Assim, passadas duas rodadas, deve ser complicado explicar para o John Textor um jogo entre Resende e Audax, um torneio onde o torcedor sequer sabe onde o jogo do seu time vai passar e que quando acha vê uma transmissão amadora. Deve ser difícil explicar o peso das votações na Ferj, a maneira como a competição é organizada e o esforço de alguns times apenas para entrarem em campo.
Deve ser complicado argumentar que é preciso manter a competição para que os clubes pequenos não acabem. Enfim, enquanto os Estaduais não perceberem que seu tamanho mudou e que para se manter vivo é peciso entender este novo tamanho, vai continuar um fantasma perambulando sem que ninguém sequer saiba onde está.