Recuperação da mãe ajuda Edílson a crescer: ‘Tudo para mim’

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Por FogãoNET

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Um dia antes de entrar em campo para enfrentar o Criciúma, Edílson fez um telefonema para sua mãe Maria, de 50 anos de idade, que estava internada em um hospital no interior do Paraná com princípio de pneumonia. Estava disposto a pedir liberação do Botafogo para acompanhá-la, mas ouviu do outro lado a boa notícia: “Estou indo para casa”.

No dia seguinte, Edílson entrou em campo aliviado e mais tranquilo. Concentrado apenas no futebol, teve uma boa exibição e, aos 48 minutos do segundo tempo, fez o cruzamento para o gol de Elias na vitória por 2 a 1 em Santa Catarina.

Foi o sinal para Edílson ganhar mais confiança. Com a saúde de sua mãe em dia, e o Botafogo em boa fase, cresceu com o time e fez mais um grande jogo contra o Corinthians, dando novamente o passe para o gol da vitória por 1 a 0, desta vez marcado por Hyuri. Nesta quinta-feira, mais um telefonema.

– Ela me ligou para dizer aquelas coisas de mãe: “Filho, você jogou demais” – comentou Edílson, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.

Edilson Botafogo entrevista (Foto: Thales Soares)
Em boa fase no Botafogo, Edílson posa diante do mar da Barra da Tijuca (Foto: Thales Soares)

A situação foi controlada, mas o temor tomou conta do jogador por algum tempo. Órfão de pai desde os sete anos, contou com a ajuda do irmão mais velho, Éder, para não deixar o Botafogo em sua grande chance como titular.

– Minha mãe é tudo para mim. Na hora, fiquei para baixo. Falei com meu irmão para segurar a bronca. Pensei em falar com os caras para ir lá em Nova Esperança, mas ela melhorou, e isso me deu mais força. Todo mundo assitiu ao jogo junto. Eu era o terceiro lateral, uma situação difícil e agradeço aos meus amigos de verdade e minha família que estavam comigo na hora do desabafo. Mas nunca desanimei – comentou Edílson.

O momento é só de sorrisos para o jogador. Conhecido como um dos jogadores mais extrovertidos do grupo, não poupa nem Seedorf das brincadeiras no vestiário, e o holandês costuma retribui-las. Ele ajuda a impedir que os companheiros fiquem de baixo astral.

– Os caras me chamam de louco. Acho que sou o único que brinca com o Seedorf. Falo as coisas, ele vem e me dá um beijo, sacaneia também. É uma de fazer grandes equipes, grupos mesmo. Ele é uma unanimidade, um exemplo. Às vezes, você vê um ou outro falando alguma coisa, mas ele é campeão de tudo, e todas as coisas que fala são de muita coerência. Sem dúvida, sou muito fã – afirmou.

Edílson afirma ter recebido outras propostas quando acertou com o Botafogo por um ano, com possibilidade de renovação automática por mais três. No entanto, considera a escolha mais do que certa pelas pessoas que encontrou no clube.

Mesmo passando a maior parte do tempo como terceiro lateral-direito do elenco, Edílson faz questão de elogiar Oswaldo de Oliveira. No Grêmio, viveu uma situação semelhante, mas não teve o mesmo entendimento com Vanderlei Luxemburgo, seu técnico na época.

– Todo mundo me perguntou porque eu aceitei assinar por um ano. Se eu não acreditar em mim, quem vai? Sei do meu potencial. No Grêmio, também comecei assim, mas o Luxemburgo acabou colocando outros e respeitei a decisão, mas não concordei. Com o Oswaldo, é diferente. Concordo com tudo. Ele olha no olho, passa uma transparência. Ele me deu confiança mesmo sem jogar – explicou.

O respeito pela situação de Lucas, com uma fratura no tornozelo esquerdo, e Gilberto, com uma lesão na coxa esquerda, é grande. Edílson reconhece o potencial dos dois e considera a lateral direita do Botafogo a mais bem servida do país.

Consciente da concorrência, sua expectativa é de permanência no time. O próximo jogo é contra o Santos, domingo, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Brasileiro, e Gilberto ainda não deve estar pronto. Lucas vai demorar mais tempo para se recuperar completamente da lesão.

– Não tenho dúvida de que agora é outra situação. Tenho muito respeito por eles e vou brigar pelo meu espaço. Quem me conhece, sabe que sou do bem e torcia muito pelo Gilberto. Mas não vou ser hipócrita de dizer que vou estar 100% feliz se ficar fora de novo. Quero jogar, ajudar meus amigos com passes, carrinhos, dando a vida, que é o meu jeito de jogar – afirmou.

Completamente adaptado ao Rio de Janeiro, morando ainda em um apartamento residencial de um hotel da Barra da Tijuca, Edílson espera a chegada de sua mãe no mês que vem. Com uma sequência de jogos no Maracanã prevista, espera que ela possa acompanhá-lo de perto. Mais uma força.

– Tomo café da manhã aqui de frente para o mar. Isso renova. Perguntam se o Rio é bom. Como pode ser ruim? Mês que vem, minha mãe vem aí. Quero trazer meus amigos, minha família. Isso é qualidade de vida – disse Edílson.

A situação faz com que ele pense apenas na permanência para o ano que vem. Com a cabeça de dirigente, já aponta o que seria melhor para o Botafogo na próxima temporada.

– Não dá para manter 100%. Mas se fosse dirigente, ficaria com 80% do elenco. Isso é fundamental para o sucesso do time. Penso em tudo. Aqui, quando chego para trabalhar, se estou triste, fico feliz. Eu me divirto com eles – contou Edílson.

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