O Botafogo viveu um péssimo ano de 2020, com diversas trocas de treinadores, reforços de nível duvidoso e queda para a Série B do Campeonato Brasileiro. Contratado como diretor de futebol no início de 2021, Eduardo Freeland ainda trabalhou naquele contexto, que o impressionou negativamente.
– Aterrorizante. Nunca vi um vestiário daquele. Silencioso, assustador. Não havia uma energia. Víamos Caio Alexandre e Kanu fazendo “vambora, vambora”. Meu primeiro jogo foi contra o Palmeiras no Allianz. Na semana que tem entrevero de salários com dois atletas, falei “estão fora”. Combinei com os jogadores, cheguei no quarto dia bufando, falei “isso é o básico”. O primeiro passo do profissionalismo é o horário. Falei “vocês estão de acordo, alguém é contra?” O silêncio do vestiário era o suficiente. No dia seguinte dois atletas chegaram atrasados. Acordamos, eles não poderiam treinar, era viagem para pegar o Palmeiras. Assim vai ser, eram dois titulares. Estou pensando no futuro. Foi Palmeiras, Sport, Grêmio, São Paulo e Ceará. Quando você percebe que ganha e perde e não tem energia é preocupante. É melhor o jogador chegar e reclamar – disse Freeland, ao “Glorioso Connection”.
– Percebi foi jogadores querendo sair desesperadamente, alguns saíram, outros fizeram acordo. Era necessário ter mudança de perfil, o jogador querer ficar. Tínhamos alguns jogadores bem envolvidos, mas era algo muito frágil, não se via norte naquilo ali. O elenco estava muito cheio, quase 50 jogadores, folha muito alta, tudo muito desequilibrado. Isso com certeza impactava no ambiente – completou.
Já em 2021, o Botafogo se organizou, foi campeão da Série B e retornou à elite do futebol brasileiro. Freeland saiu em 2022 e acertou com o Bahia.